A emoção tomou conta de Emilio Finger e Leidy Indicatti durante o trajeto que eles estão fazendo desde maio. A dupla de peregrinos já se emocionou muito, mas esse último dia foi bem especial. Confira, abaixo, o relato deles:
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"Há um ditado que diz que à Santiago se vai mas nunca se chega. Eu concordo. A jornada de Santiago de Compostela é uma viagem para dentro de nós mesmos e como estamos sempre nos reinventando, mudando e (se Deus quiser) evoluindo, nada mais justo do que manter-se constantemente em busca de uma versão melhor de nós mesmos.Gosto muito de uma metáfora que li (em algum site na internet provavelmente) e procuro sempre dividir com todas as pessoas que possuem um interesse particular por essa jornada, sejam leigos ou peregrinos.
Nascemos quando iniciamos o Caminho de Santiago em St. Jean,na França. Como bebês, tudo é novo e absorvemos as coisas muito rapidamente. Aprendemos o que é um albergue, aprendemos como tomar banho pode ser desafiador, aprendemos a arrumar a mochila e vamos iniciando o contato com essas outras pessoas que estão ali com o mesmo intuito que você: apenas caminhar.Já nos Pirineus, chegando em Roncesvalles, nos tornamos crianças. A vida é boa e tudo parece um sonho, uma brincadeira feliz. A natureza é linda, você caminha feliz, diz "Buen Camino" para todos e acorda contente todas as manhãs.Alguns dias depois, próximo a Puente La Reina, percebemos que avida não é o mar de rosas que imaginávamos. Chega a adolescência e junto com ela as dores, bolhas e a vontade de desistir. As perguntas também invadem nossa mente: "O que eu estou fazendo aqui?!".
Na metade do Caminho, próximo a Burgos, viramos adultos quando consolidamos algumas amizades e muitas vezes formamos uma família. Pessoas que caminham junto com a gente e nos apoiam e ajudam, seja com palavras de motivação ou emprestando aquela pomada milagrosa que faz as nossas dores musculares sumirem.Chegando em Santiago somos anciões. Muito experientes, já passamos por diversas situações. Caminhamos mais devagar pois agora não temos mais pressa para chegar, queremos aproveitar os últimos instantes com essas pessoas que se tornaram tão especiais. Começamos a falar sobre o início do Caminho e sobre as histórias e desafios que passamos até ali.Acredito que Finisterre, o local que escolhi para finalizar nossa jornada, represente a morte. No entanto, a morte aqui está representada em seu significado mais puro de renascimento e transmutação. Os medievais acreditavam que Finisterre era o fim do mundo conhecido, o ponto mais ocidental da terra (que era plana), onde o sol morria todos os dias.
E é aqui que viemos, após cruzar um país inteiro, para ficarmos frente a frente com a escuridão. Finalizar essa jornada com o pôr do sol é como olhar para dentro de nós mesmos, partir do conhecido para o desconhecido, continuar nossa jornada do oriente para o ocidente, mergulhando na escuridão mais profunda da nossa alma e assim, morrer, para renascer e trilhar um novo e desafiador caminho: o caminho de volta para casa."