Ser ex-TNT é uma credencial para a vida toda. Mas não precisa ser a única. João Maldonado, que por quase 20 anos respondeu pelas teclas da banda de Charles Master e Júpiter Maçã, é um dos instrumentistas mais respeitados na cena jazzística de Porto Alegre, tocando com nomes como Dudu Trentin, Alegre Corrêa e Márcio Tubino, entre outros grandes. A visibilidade enquanto frontman, é verdade, tem sido maior desde que se juntou ao baixista Marcio Bolzan e ao baterista Claudio Calcanhoto para dar vida ao trio que estreia em Caxias nesta quarta-feira, no Misssisippi Delta Blues Bar.
Consolidada há um ano, a formação já foi escalada para palcos importantes da capital, como o do Theatro São Pedro e o da Casa de Cultura Mário Quintana, além de participar da Noite dos Museus, que rolou em maio. Também integrou o lineup do festival BB Seguridade, que em outubro do ano passado juntou 30 mil pessoas no Parque da Redenção (naquele dia também tocaram Blues Etílicos, Stanley Jordan, Hamilton de Holanda e Maria Gadú). A roupagem jazzística para temas de rock, diz Maldonado, é uma característica que distingue o JMT de outros conjuntos instrumentais:
_ A gente pega desde músicas de Jimi Hendrix, Eric Clapton e Beatles até TNT e Papas da Língua e transforma em jazz instrumental. Acho que esse é o diferencial em relação a grupos mais tradicionais, que tocam mais standards.
De formação erudita, mas orbitando entre o jazz, o blues e o rock no trabalho que leva aos palcos, o pianista, que recentemente esteve no Mississippi acompanhando Charles Master e também já passou pela cidade para tocar no MDBF com Solon Fishbone e o argentino Danny Vincent, adianta algumas peças que estarão no repertório desta noite:
_ Algumas que vamos tocar são Come Together, dos Beatles, Voodoo Child, do Hendrix, Nunca Mais Voltar, do TNT, Vem Pra Cá, do Papas da Língua, Cantalope Island, do Herbie Hancock, além de algumas autorais.Na expectativa para embarcar para shows no Rio e em São Paulo e finalizar a gravação do primeiro CD _ que além de trio terá músicas em quinteto e solo _, Maldonado vibra com o bom espaço que a música instrumental tem conquistado no Brasil, especialmente no Sul.
_ Só na semana passada tinha 12 shows instrumentais em Porto Alegre. É muito para qualquer cidade brasileira. Eu diria que é hoje a capital da música instrumental. Em Caxias rolam festivais fantásticos e que eu ainda quero participar, como o Tum Tum e o Festival de Música de Rua, que é um dos melhores projetos do país nessa área _ elogia.