Pés que se moviam de um lado para o outro, mães e filhos que rodopiavam de mãos dadas, amigos que ensaiavam performances em frente ao palco. Teve palminhas, gritos de u-hu e registros feitos com celular. Teve mistura de músicos de diferentes vertentes, trocas musicais com artistas que haviam acabado de se conhecer. Festa das mais descoladas – e indicada para a família toda.
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Assim foi o Festival Brasileiro de Música de Rua, cuja 6ª edição encerrou-se ontem, no Largo da Estação Férrea, em Caxias. A estudante Vitória Jamile dos Santos, 15 anos, do Colégio Imigrante, foi pela primeira vez ao festival. Ontem, quis assistir ao show do Sabar Africa, grupo de percussão formado por senegaleses que vivem em Caxias, em parceria com a performance do guitarrista Marcos De Ros. Mas, logo no início da apresentação, ela foi chamada para a frente do palco na companhia de amigos e tornou-se uma atração à parte.
– Se não fosse o festival, estaria em casa sem fazer nada. Vim para ver esse show porque me sinto conectada com minhas raízes africanas – contou a garota, exibindo black power e explicando que a dança pode ser uma forma de afrontar o racismo na sociedade.
De Ros, veterano dos palcos, tocou durante a performance de Vitória e usou a guitarra para dar um tom harmônico e melódico à percussão. Ele e os senegaleses ensaiaram juntos uma vez antes do festival. Fazer parte do evento, para ele, é maravilhoso.
– O público vem aberto, sem preconceito, não vem por causa de um estilo. É muito instigante a possibilidade de alguém te ouvir pela primeira vez – relata ele, que se dedica ao próprio canal no YouTube que tem quase 120 mil inscritos.
Assim que o show deles terminou, a fofíssima estreante Vic Limberger, 19, começou a cantar em outro palco. A voz suave e o jeito de menina conquistaram a plateia e, ao final da apresentação, a garota não conteve as lágrimas ao enxergar a família.
– Eu estava de boa até ver minha irmã, meu avô... Aí não consegui me segurar. Participar do festival está sendo incrível para mim, toquei no mesmo evento que a (cearense) Lorena Nunes – conta, animada.
Assim que ela terminou, o quarteto caxiense da Yangos começou a tocar, mostrando mescla entre o erudito e o nativista, criando um som instrumental irresistível. O grupo convidou o argentino Manu Sija, que tinham conhecido há pouco, para tocar com eles. Ao lado do palco, nos bastidores, senegaleses dançavam ao ritmo dos sons platinos. Mais no canto, o grupo Essência Crew ensaiava passos de break para se apresentar em seguida. O b-boy Andrius de Oliveira destacou a energia do festival:
– Independentemente do estilo, está todo mundo curtindo. É uma troca muito boa.Assim, músicos de estilos distintos, com diferentes instrumentos e intenções, estavam todos mobilizados, provocando catarse no público – e nos próprios artistas.
Eis a síntese do Festival Brasileiro de Música de Rua.