Não é à toa que o teatro costuma ser simbolizado por máscaras: afinal, esses elementos cênicos estão presentes desde as primeiras comédias e tragédias gregas, há mais de 2,5 mil anos. E são justamente as máscaras – mais precisamente, máscaras inteiras expressivas, sem uso da voz – o ponto alto do espetáculo Passagem para Dois, que o grupo Trompim Teatro estreia nesta quarta-feira, em Caxias do Sul.
Sob direção de Tiche Vianna, do prestigiado Barracão Teatro, de Campinas (SP), os atores Aline Tanaã Tavares, Fábio Cuelli e Odelta Simonetti levarão ao palco do Teatro Miseri Coloni, no Ponto de Cultura Casa das Etnias, a divertida relação entre três pessoas, que se vê abalada por um acontecimento inesperado (do qual o próprio nome do espetáculo dá uma pista).
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A trama, entretanto, não é o mais importante, destaca a diretora, considerada uma das maiores especialistas em máscaras do Brasil e que já atuou como preparadora de elenco da TV Globo, na novela Velho Chico e nas minisséries Hoje é Dia de Maria e Dois Irmãos:
– Quando a palavra não é um recurso expressivo, o corpo ganha uma importância ainda maior. A história em si é simples, mas as máscaras, não; elas são sempre representações arquetípicas, o que interessa não são os indivíduos, trata-se de suas ações, reações e relações – explica Tiche.
Passagem para Dois é a culminância do projeto De Cara Com a Máscara, desenvolvido pelo Trompim ao longo do ano passado e que envolveu uma pesquisa aprofundada sobre máscaras expressivas, incluindo três idas a Campinas para intensivos com Tiche e a realização de um curso em quatro módulos sobre máscaras, como contrapartida às verbas captadas via Lei Municipal de Incentivo à Cultura (LIC).
A ideia de trabalhar com a máscara como ferramenta do grupo, entretanto, vem ainda de 2014, quando Cuelli participou de uma oficina de construção de máscaras com o grupo alemão Familie Flöz.
– Quisemos pesquisar e trazer algo novo, ver como essas máscaras se transportam para a nossa cultura – resume o ator.
Odelta completa que a pesquisa feita antes da montagem da peça incluiu o estudo de diversos tipos de máscara e também a forma de adaptação dessa máscara específica ao contexto – e ao corpo – brasileiro. E salienta: o trabalho não acaba por aqui, pois esse é um entendimento complexo.
– É como aprender uma nova língua – diz Aline, destacando ainda que a própria confecção das máscaras, que levou cerca de dois meses, fez parte do processo criativo e ajudou na construção dos personagens.
O espetáculo será reapresentado na quinta-feira, na sexta-feira e no sábado.
Agende-se
O que: espetáculo Passagem para Dois, do Trompim Teatro
Quando: dias 18, 19, 20 e 21 de janeiro, sempre às 20h30min
Onde: no Teatro Miseri Coloni, do Ponto de Cultura Casa das Etnias (Av. Independência, 2.549, próximo ao Fórum), em Caxias
Quanto: ingressos a R$ 20 e R$ 10 (estudantes, idosos e classe artística), à venda na bilheteria do teatro uma hora antes da apresentação
Teatro
Trompim estreia nesta quarta a peça "Passagem para Dois", em Caxias
Sem falas, espetáculo utiliza-se da força das máscaras expressivas
Maristela Scheuer Deves
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