Augusto Cury tem 44 livros lançados em 70 países do mundo. Tem um público fiel que o acompanha em palestras de psiquiatria e libertação do eu. Exercita o que chama de gestão ou reeducação da emoção, tema da palestra programada para quinta-feira próxima, às 20h30min, no UCS Teatro. Em sua mais recente publicação, O Homem Mais Inteligente da História, analisa a inteligência emocional de Jesus e O Vendedor de Sonhos saiu das páginas e chega aos cinemas em dezembro. São trabalhos que, segundo ele, tentam ajudar esta humanidade tão vazia a renovar seus laços de afetividade a favor da saúde emocional.
Como se faz a gestão da emoção pela conquista do sucesso?
Em meu novo livro, O Homem Mais inteligente da História, falo que sem gestão de emoção, ricos se tornam miseráveis, casais começam seus relacionamentos no céu do afeto e o terminam no inferno dos atritos, profissionais sabotam as suas habilidades e jovens asfixiam a sua criatividade. Portanto, gestão da emoção é vital para o sucesso em todas as áreas, em ser feliz, ter qualidade de vida, saúde emocional, em se reinventar no caos, em desenvolver capacidade para se tornar um profissional brilhante numa empresa saudável.
As pessoas estão errando muito no mundo contemporâneo?
Sem dúvida nenhuma, a humanidade tomou o caminho errado. Nós estamos no tempo da pedra em gestão da emoção. Para se ter uma ideia, cerca de 80% dos jovens estão apresentando sintomas de timidez e insegurança. De acordo com pesquisas internacionais, uma a cada duas pessoas apresentará um transtorno psiquiátrico. Nós estamos falando de mais de três bilhões de seres humanos, metade da sociedade brasileira. É um número absurdo. E talvez nem 1% vai se tratar. Depressão, ansiedade, transtornos psicossomáticos, transtornos alimentares como bulimia e anorexia, dependência de drogas, e assim por diante, que fazem parte do corpo das doenças psicoemocionais, estão tomando a vida de crianças, jovens e adultos. Por isso que é vital aprender as ferramentas mais importantes de gestão da emoção.
Quais são as técnicas de gestão da emoção mais importantes para a aplicação na atualidade?
Uma delas é aprender a não sofrer por antecipação. Não ruminar perdas ou frustrações. Superar a necessidade neurótica de mudar os outros. Aqui devo dizer que ninguém muda ninguém, mas temos o poder de piorá-lo. A melhor maneira de transformar uma pessoa teimosa em superteimosa é tentar mudá-la, pressionando-a, criticando-a. Outra técnica importante é não cobrar demais de si nem dos outros. Quem cobra mais de si e dos outros está muito mais apto para trabalhar numa financeira, mas não para ter uma bela história de amor consigo e com as pessoas que estão ao seu redor.
Por que a humanidade chegou a este estágio tão agudo de doença, por que tanta instabilidade, tanto vazio?
Excelente pergunta. Por que é que o número de pessoas estressadas, ansiosas, emocionalmente doentes, nervosas, se expandiu assustadoramente na era da indústria do lazer, na era da tecnologia digital, na era da democratização do acesso à informação e das redes sociais? Porque a indústria do lazer nos remete a consumir muitos produtos e muitas imagens numa velocidade espantosa. Enquanto no passado, a contemplação de uma flor, uma árvore, um estar na varanda de casa com os filhos, parceiro ou parceira, amigos, ver o nascimento de um animal, enfim, eram experiências prolongadas e profundas. Hoje, estamos na era do fast food. Reitero, é tudo rápido e pronto. E isso faz com que a emoção humana perca profundidade e estabilidade. E, além disso, leva-nos a ter a geração mais triste que pisou nesta terra. Vivemos na era da indústria do entretenimento, tem muito à disposição, esporte, lazer. As redes sociais fizeram com que as pessoas se conectem como nunca no passado. Só que as relações são superficiais. Fala-se pouco sobre quem somos e se veste um personagem simulando ou dissimulando nossa essência. A solidão, que é tóxica, está contaminando todo o teatro social. Estamos próximos fisicamente, mas distantes interiormente. Por isso é que estamos assistindo uma ansiedade coletiva, relações conflitantes, aumento dos índices de violência entre pais e filhos, professores e alunos, entre casais, ou violência entre colegas de escolas, ataques terroristas, discriminação por raça, sexo, cor, religião. Estamos na era da superficialidade emocional.
É neste contexto que cresce a leitura de autoajuda?
Meus livros não são de autoajuda. Eles são de aplicação psicológica profunda, que trata da construção de pensamentos, dos papéis conscientes e inconscientes da memória, da teoria da janela da memória, da formação do eu como autor da própria história. Como as pessoas estão ansiosas, angustiadas, depressivas, com relações conflitantes e fragmentadas, a necessidade de ferramentas é muito importante para que elas tenham um mínimo de habilidade para serem autores de sua própria história. É por isso que muitos dos meus livros, como O Vendedor de Sonhos, estão indo para o cinema.
Como será esta transposição do livro para o cinema?
Levem seus lenços para o cinema pois vão chorar, vão se emocionar muito, vão revisar relações entre pais e filhos, entre casais, e sua relação com a vida. Neste livro há muitas teses, uma delas é de que tudo o que o dinheiro compra é barato, o verdadeiro sucesso é conquistar aquilo que o dinheiro não pode comprar. Outra é de que uma pessoa não morre quando seu coração deixa de bater, mas quando perde sentido de vida.
Quais são seus sonhos?
São muitos. Nós temos o programa Escola da Inteligência, que é utilizado por mais de 200 mil crianças. Trata-se de uma aula por semana na grade curricular para que as crianças aprendam gestão da emoção. Há dezenas de escolas no Rio Grande Sul e mais de 200 no Brasil. O sonho é de que este programa atinja todas as escolas para ensinar as crianças a trabalhar perdas e frustrações, pensar antes de reagir, dentre outras coisas, é vital. Portanto, este é um programa que me encanta. Além disso, nosso sonho é atuar nos orfanatos do Brasil e atingir um milhão de crianças no mundo em cinco anos. Gratuitamente. Também sonho em contribuir com a humanidade para que ela seja mais generosa, feliz e altruísta, para que as pessoas tenham ferramentas para desenvolver saúde emocional para que elas pensem como espécie e não como grupo social, para que se pense como humanidade. E sonho com mais livros meus vertidos para o cinema.
Do que trata O Homem Mais Inteligente da História?
Fala sobre a jornada épica de um cientista ateu chamado Marco Polo em busca de desvendar a mente mais brilhante que já pisou nesta terra, a de Jesus. Só que sob o ângulo da ciência, sem nenhuma religiosidade. Ele vai questionar se Jesus sabia gerenciar sua emoção ou não, trabalhar perdas ou frustrações. Se tivesse uma equipe de psicólogos auxiliando Jesus, quando ele escolheu seus alunos, todos seriam desaprovados. Pedro era hiperativo, tenso e ansioso. João era bipolar. Tomé era paranoico e inseguro. Mateus era corrupto ou tinha fama de corrupto, quem sabe nos dias de hoje estaria na Lava Jato. Judas era dissimulador. A escolha dos discípulos foi aparentemente absurda mas, para espanto das ciências humanas, psicologia, psiquiatria, sociologia e pedagogia, não importava o material.
O que a gestão da emoção pode fazer em relação à dependência de drogas?
Dia 8 de dezembro, teremos em Campinas o Free Mind, reunindo 40 países. Eu e Padre Haroldo somos patronos. Meu programa é usado em mais de 800 comunidades terapêuticas do Brasil. Temos 8 milhões de usuários de drogas no Brasil, contínuos ou intermitentes. Cerca de 25 milhões de pessoas envolvidas diretamente no programa. As drogas produzem o mais dramático cárcere, o cárcere da emoção, porque estimula o fenômeno ram (registro automático da memória) a arquivar no córtex cerebral janelas traumáticas duplo P: p de poder de encarcerar o eu ou p de poder se retroalimentar. O desafio não é isolar as pessoas, mas reeditar as janelas traumáticas da memória. Elas não podem ser apagadas. Por isso que elas recaem. Temos uma das piores taxas de recuperação no mundo. Por isso, desenvolvi o primeiro hotel coach de gestão da emoção do mundo em Ribeirão Preto, onde usuários de álcool e drogas são tratados como hóspedes, não como doentes e têm um coach diário à disposição.
Como explica sua popularidade?
Talvez eu seja um fenômeno porque eu detesto ser um fenômeno. Eu não escrevo para fazer sucesso. Escrevo para contribuir com a humanidade. Sou apenas um artesão das palavras, um servo social que procura de alguma forma dar o melhor de si para que as pessoas tenham saúde emocional numa sociedade altamente estressante.
Serviço
O que: palestra Gestão da emoção como fator de sucesso, com Augusto Cury
Onde: UCS Teatro
Quando: quinta-feira, às 20h30min
Quanto: plateia baixa R$ 140 ou R$ 100 (idosos, professores, estudantes e pacotes empresariais acima de seis ingressos), plateia R$ 130 ou R$ 90 (mesmos beneficiados acima), R$ 65 com desconto de 50% (para Clube do Assinante + acompanhan-te - limitado a 50 ingressos de plateia), camarote lateral/mezanino/balcão R$ 80