Há 21 anos na TV Globo, Mariana Becker, 45, saboreia o gostinho de cobrir – acreditem – a sua primeira Olimpíada justo no Brasil. Correspondente internacional da TV Globo na Europa, a jornalista que se especializou em Fórmula 1 precisou retornar ao seu país para concretizar o feito.
Nos esportes radicais, que não só acompanha como pratica, ela orgulha-se de ter sido a primeira repórter, em nível mundial, a fazer uma parte da regata de volta ao mundo (Volvo Ocean Race), no início dos anos 2000, filmando o desafio casca-grossa de dentro do barco. Isso sem contar que correu três Rally dos Sertões como competidora.
Direto do Rio, em ritmo olímpico, Mari achou um tempo para conversar com a coluna via áudio de WhatsApp. E, morando em Mônaco, na França, pasmem, essa porto-alegrense se derrete pela terra natal:
– Morro de saudade!
Aqui Entre Nós – Há quanto tempo tu estás fora de Porto Alegre?
Mariana Becker – Continuo filha do Rio Grande, mas tô fora há 21 anos. Vim pro Rio de Janeiro assim que me formei. E, mesmo morando na Europa, continuo com hábitos bem gaúchos: tomo chimarrão sempre. É uma pena só que não posso carregar pras viagens, pros grandes prêmios, porque não consigo levar erva de um lado pro outro. Quando dá, vou a Porto Alegre ver a minha família e os meus amigos. Gosto de ver os jacarandás... O meu sotaque, quando fui morar fora do país, ficou carregado de novo. Não tem ninguém pra prestar atenção (risos), e eu acabo ficando mais gaúcha. O meu marido (o jornalista carioca Jayme Brito) e amigos podem não estar junto, mas, cada vez que falo com alguém de Porto Alegre no telefone, eles dizem: "Tava falando com alguém de Porto Alegre, né?". Porque o meu sotaque volta com tudo, sou super gaúcha! De vez em quando, ouço umas milongas em casa. Morro de saudade.
Aqui – Como é a tua vida em Mônaco?
Mariana – O meu marido já morava em Mônaco antes de a gente decidir ficar juntos. Mas, pouco tempo, eu paro lá, no principado, porque tô sempre viajando como correspondente internacional e especializada em esporte, principalmente na Fórmula 1. Nos primeiros quatro meses do ano, eu fiquei 12 dias em casa. Tô sempre com uma mala meio pronta. A minha vida é fazer e desfazer mala, o que eu odeio. Mas gosto muito de viajar.
Aqui – Para uma brasileira "estrangeira", como está a expectativa para a tua primeira cobertura de Olimpíadas justamente no Brasil?
Mariana – Não calhou antes de eu fazer! Tive que viajar pro meu país (risos) pra fazer uma cobertura olímpica. Quando fui requisitada, fiquei super contente. Sou sempre a turista. Agora, é no meu país, são os meus atletas, quem manda aqui é a gente (risos)! Acho que temos tantos pontos positivos, no sentido da cor e da liberdade de emoção que a gente dá pras coisas, e que poucos povos têm. Por isso, é o momento de soltar a emoção, de sair do que estava programado. Esse é o nosso forte (dos brasileiros). E, mesmo nos momentos tristes e difíceis, deixar o mundo ver como você é humano, além de ser um super atleta. Eu tô esperando ver essas grandes histórias.
Aqui – Falando no lado humano e profissional, tu passaste por uma saia-justa, em julho, quando o áudio vazou no GP da Inglaterra contigo falando: "Vou fazer xixi rapidinho". O teu nome logo foi parar nos assuntos mais comentados do Twitter. Te incomodou?
Mariana – Não me incomodou, sinceramente. Acabei achando engraçado. É claro que não é uma coisa que eu queria que acontecesse, porque eu queria que prestassem atenção na corrida, não em mim, se eu vou fazer xixi ou não. Infelizmente, aconteceu, mas não passei dias pensando nisso. É como a página do jornal: "cê" vira e, no outro dia, já tem outra e outra...