Se o campeão do Oscar 2016, Spotlight, mostrava uma bem-sucedida investigação jornalística que resultou em prêmio Pulitzer, o longa que chega à Sala de Cinema Ulysses Geremia nesta quinta revela a história por trás de uma notícia igualmente baseada na realidade e igualmente bombástica, porém que não teve o desfecho desejado pelos repórteres envolvidos. O longa Conspiração e Poder, dirigido pelo até então somente roteirista James Vanderbilt, acompanha a equipe de um jornal da rede de televisão CBS numa empreitada perigosa: denunciar um podre do passado de George W. Bush em plena campanha eleitoral para a reeleição, em 2004.
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A competente dupla Cate Blanchett e Robert Redford vive respectivamente a produtora Mary Papes e o âncora Dan Rather, parceiros no jornalístico televiso 60 Minutes. A primeira metade do filme mostra o trabalho investigativo do grupo de repórteres comandado por Mary, no intuito de arrecadar documentos e fontes provando que Bush usou a influência do pai político para não lutar na Guerra do Vietnã, durante a década de 1970. Em certos momentos, a história parece correr muito rápido e o espectador pode se perder no meio do labirinto de fontes e documentos que vão surgindo. Mesmo assim, a trama vai crescendo até culminar na veiculação da matéria especial no jornal apresentado por Dan.
A história se passa num momento em que a internet, e as redes sociais, começavam a potencializar a voz dos “censores” modernos do jornalismo. Uma rede de haters começa a trabalhar duro para encontrar furos na matéria veiculada pelo 60 Minutes. Primeiro, duvidam da veracidade dos documentos apresentados, depois questionam as fontes escutadas e, por fim, tudo desemboca numa série de ofensas pessoais a Mary (chamada de bruxa, feminazi e outros adjetivos de baixo calão no ambiente online).
A partir daí, o filme toca num aspecto muito relevante no que diz respeito à forma contemporânea de se comunicar. Num dos discursos inflamados de Mary – num geral, Conspiração e Poder tem bons textos –, ela diz: “É isso que as pessoas fazem hoje em dia quando não gostam de uma história, elas apontam e gritam, questionam seu posicionamento político, sua objetividade, sua humanidade”. Isso porque apontar que a matéria estava errada virou preocupação maior do que descobrir a verdade. Verdade, aliás, é o título original do filme: Truth.
O longa toca ainda em temas que transcendem o universo jornalístico, como a hipocrisia, a ética e o conflito de interesses. Portanto, não precisa ser da área para curtir a história, ainda que Conspiração e Poder não seja tão envolvente quanto Spotlight (para retomar a comparação). A produção busca forças nas ótimas atuações da dupla protagonista e, ao final, traz um discurso tão emocionante que, praticamente, vale por toda película. O texto em questão foi proferido pelo jornalista à moda antiga Dan, na CBS, ao vivo para todo o país. Ao levar a cena para o cinema, o filme reverbera as palavras para além das fronteiras americanas. Acredite, o conteúdo é importante em qualquer parte do mundo. E atual, mesmo uma década depois.
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PROGRAME-SE
:: O que: drama Conspiração e Poder
:: Quando: estreia nesta quinta e fica em cartaz até 7 de agosto, com sessões nas quintas e sextas, às 19h30min, e nos sábados e domingos, às 20h
:: Onde: Sala de Cinema Ulysses Geremia, no Centro de Cultura Ordovás (Luiz Antunes, 312)
:: Quanto: R$ 10 e R$ 5 (estudantes e idosos)
:: Duração: 125 minutos
:: Classificação: 12 anos