Às vezes, é preciso morrer por dentro para voltar a viver. É mais ou menos isso que acontece com o protagonista do filme Para Minha Amada Morta, que estreia nesta quinta na Sala de Cinema Ulysses Geremia. Fernando (vivido pelo ótimo Fernando Alves Pinto, do icônico Terra Estrangeira) é apresentado na telona como um viúvo depressivo, às voltas com o filho pequeno e o sofrimento causado pela ausência da esposa. O início da narrativa explora a relação dele com os objetos deixados pela falecida, como roupas e sapatos. Mas a descoberta de uma fita VHS com uma transa da mulher com outro homem vai despertar um novo e perturbado Fernando. É a partir dali que o filme se transforma num suspense introspectivo e sufocante – uma bela surpresa do cinema produzido no Paraná.
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Essa transformação do protagonista se dá de forma um pouco lenta, assim como toda a narrativa de Para Minha Amada Morta. Na primeira vez que Fernando depara com a gravação amadora da mulher na cama com outro homem, a câmera do diretor e roteirista Aly Muritiba fica parada nas feições do viúvo traído, belo recurso para captar o misto de ódio, escárnio e decepção que vai conduzir o personagem dali para frente. A voz da morta só é ouvida pelo espectador durante esta gravação amadora, justamente fazendo uma declaração para o amante. Esta mesma voz vai conduzir Fernando numa jornada em busca de vingança.
Trabalhando como fotógrafo da polícia, o marido traído acaba conseguindo identificar o homem do vídeo e trava uma busca incessante por ele. Assim, vai morar numa casinha de periferia aos fundos do terreno do rival e passa a frequentar os cultos da igreja evangélica que ele frequenta – as locações são muito boas. A partir desta aproximação, a história vai criando expectativas no espectador, mas o diretor parece querer brincar com isso, dosando a raiva de Fernando com uma certa apatia agoniante. O personagem segura uma pá, segura um martelo, segura uma arma e a ideia de violência fica cada vez mais iminente. As inúmeras cenas com câmera na mão e a ausência de trilha ajudam a criar o ambiente de tensão.
A escolha do diretor por não concretizar algumas ações ensaiadas na história pode decepcionar alguns espectadores, mas também pode ser captada como uma ousadia de Muritiba com algumas convenções do cinema de gênero (o de suspense, no caso). Aos poucos, é possível perceber que Para Minha Amada Morta é, na verdade, um drama sobre um homem em busca de si mesmo. As voltas que a história dá para que ele possa se recuperar de um luto profundo é que dão ao filme um saboroso molho ao estilo thriller psicológico.
PROGRAME-SE
:: O que: suspense Para Minha Amada Morta, de Aly Muritiba
:: Quando: estreia nesta quinta e fica em cartaz até domingo, com sessões às 19h30min (hoje e amanhã) e 20h (sábado e domingo)
:: Onde: Sala de Cinema Ulysses Geremia (Luiz Antunes, 312)
:: Quanto: R$ 10 e R$ 5 (estudantes e idosos)
:: Classificação: 14 anos
:: Duração: 105min
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"Warcraft" também estreia nesta quinta
Warcraft estreou como game em 1994 e, depois de conquistar fãs e mover milhões de dólares ao redor do mundo, a franquia ganha sua primeira versão para as telonas nesta quinta – no GNC e Cinépolis de Caxias e no Movie Arte de Bento. Na trama de Warcraft - O Primeiro Encontro de Dois Mundos, o ambiente dos orcs está morrendo e eles transpõem o portal para se apropriar das terras dos humanos.
A ousadia do diretor Duncan Jones – filho de David Bowie –, está em assimilar a linguagem do game. Não só seus códigos, o visual também. No game, o jogador tem o controle, enquanto o filme cria diferentes pontos de vista - ampliados pelo 3D - para que o espectador, com o olhar, possa fazer seu jogo. No elenco, nomes como Travis Fimmel, Toby Kebbell e Ben Foster. (Estadão Conteúdo)
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