Enquanto folheia um relatório parcial de atividades, repleto de fotografias de eventos apoiados ou realizados em 2015, a secretária municipal da Cultura de Caxias, Rubia Frizzo, usa a ação como uma alegoria: diz que as pessoas estão participando mais e se apropriando da cena cultural caxiense. Rever os eventos, para ela, é uma forma de tornar palpável o que foi realizado (ou apoiado). E, justamente por causa dessa percepção, diz que a população está mais envolvida e crítica.
- Hoje não se discute que não há cultura em Caxias, como quando a cidade foi escolhida a Capital Brasileira da Cultura. Hoje as pessoas discutem "que cultura queremos?" - avalia.
O ano da pasta teve início com os shows do Réveillon de Caxias e será intensificado em fevereiro, com o Carnaval e a Festa da Uva - o corso irá estrear na Rua Plácido de Castro. Haverá, também, a mudança de local da Feira do Livro, que deixará a Praça Dante Alighieri para ocupar a Estação Férrea, à contragosto dos livreiros. Será a maneira mais emblemática de ocupar o espaço, que já sedia shows e outros encontros, e a intenção da secretária é movimentar o entorno da secretaria.
- Gosto muito de obra, porque acho que é um legado que a gente deixa. Sei que alguém pode continuar de algo que deixei pronto e fazer melhor - completa.
Confira alguns planos da secretária para o ano que se inicia.
Corso da Festa da Uva
Segundo a secretária, tanto figurinos dos 1,2 mil figurantes, quanto a confecção dos nove carros está adiantada. A novidade é o resgate dos trajes de festas anteriores, que somam 5 mil peças catalogadas e guardadas no prédio ao lado do da secretaria, agora reaproveitados.
- Customizamos muita coisa e isso barateia muito o custo, para que a gente possa investir mais nos carros alegóricos, porque são deles que as pessoas mais reclamam - afirma.
Rubia diz que o fio condutor do desfile será o olhar de fotógrafos que vieram da Itália com seus livros e registros, bem como o material produzido por aqui, além das memórias daquilo que vislumbravam para o futuro. Conta que no roteiro escrito pelo jornalista Nivaldo Pereira, com colaboração da museóloga Tânia Tonet, o corso aparecerá mais cênico - essa é a terceira edição do corso cênico-musical - de uma maneira que as pessoas nunca viram e com começo, meio e fim.
A ideia é lançar, também durante a festa, um livro dos grandes fotógrafos da cidade, em parceria com o Clube do Fotógrafo de Caxias.
Foi constituída uma comissão para a escolha das músicas que serão apresentadas - além da Orquestra Municipal de Sopros e Coro Municipal de Caxias do Sul, haverá trilhas de ambientações, como, por exemplo, sons de dentro de casa ou da roça. As estilistas Carolina Potrich e Júlia Webber são responsáveis pela consultoria nos trajes de épocas. O primeiro carro é o da saída da Itália e traz uma imagem do deus Netuno.
- Queremos que as pessoas tenham uma experiência de espetáculo em forma de desfile - resume.
Integrantes da Cia. Municipal de Dança e da Escola Preparatória de Dança farão parte do desfile, cada qual com uma coreografia.
Destaca, também, a proximidade dos figurantes com o público e explica que a infraestrutura desta edição na Rua Plácido de Castro ainda não será a ideal.
- Não temos recursos para fazer todas as arquibancadas, a infraestrutura é cara. Vamos privilegiar os carros, a música, os figurinos. A infraestrutura ainda não é a desejável, mas sabemos como ela será no futuro - relata.
Feira do Livro na Estação
Para a secretária Rubia Frizzo, o desafio é permitir que os visitantes da Feira do Livro na Estação tenham "uma experiência cultural", com a possibilidade de passar o dia no espaço - que terá estacionamento, food trucks, bancos e outras atrações.
- Comprar livros é apenas um dos itens do evento - diz. - Os livreiros tem entendimento de que não vale a pena mudar o que dá certo. Mas nós achamos que vai dar mais certo ainda. Ainda temos meses pela frente para conversar (com os livreiros).
Maesa
Rubia relata que a Guarda Municipal será a primeira a ocupar o prédio, por conta da segurança. Serão buscadas leis de incentivo federais para angariar recursos para as reformas, dinheiro que também virá de alugueis das secretarias que serão transferidas para o espaço.
- Pela vontade da administração, a ocupação vai acontecer o mais rápido possível, mas não tenho como dar prazos - diz.