O contato com as boas histórias na vida infantil não garante a formação de leitores substanciais na vida adulta. Mas é fato que quanto mais cedo se tem contato com o mundo das fábulas, mais cedo ocorre a familiarização com o livro. Nas escolas, os pequenos estão acostumados com as professoras que contam histórias, mas esse papel é tão importante que também pode (deve) ser desempenhado em casa.
- Quando você lê para a criança, ela passa a perceber que você está doando um tempo para ela. Além disso, ela vai criando um vínculo com o objeto livro - explica a professora Adriana Camelo Lucena, que cuida da biblioteca da Escola Municipal de Ensino Fundamental Santa Lúcia e é contadora de histórias há 15 anos.
Para quem não está acostumado com o mundo lúdico da contação de histórias, a tarefa pode parecer um pouco difícil e restrita. É claro que para ser um contador profissional é preciso preparo, estudo e vocação. Mas para assumir esse papel em casa, vocalizando histórias a uma plateia mais, digamos, familiar, basta só um pouco de dedicação.
- Não precisa nem ser necessariamente de um livro, ofereça suas histórias. Nós somos como livros, quantas histórias estão dentro de nós. As crianças adoram escutar as histórias dos pais, dos avós - ensina Adriana.
A professora dos cursos de Letras e Pedagogia da UCS e pesquisadora sobre literatura infantil Flávia Brocchetto Ramos cita o teórico Antonio Candido para falar da importância da contação de histórias na infância:
- Ele diz que todas as pessoas têm direito à literatura, à ficcionalidade. O mundo das crianças é simbólico, fantasioso, então elas se relacionam muito bem com as imagens da poesia, com as histórias inventadas, com a musicalidade das palavras.
Autora de 17 livros de literatura infanto-juvenil, Helô Bacichette indica alguns nomes que lançaram "excelentes livros sobre a arte de contar histórias": Celso Sisto, Joana Cavalcanti, Regina Machado, Cléo Buatto, Gislayne Avelar Matos e Inno Sorsy. Entretanto, algumas dicas básicas podem ajudar os pais na hora de adentrar nesse mundo. Helô separou algumas para nós:
:: Ser apaixonado pelo mundo do "faz-de-conta"
:: Ler muito, ter paixão pela palavra. O contador de histórias deve manter a beleza da palavra
:: Ler e reler a história que escolheu para contar. Conhecer bem o texto, dominando a sequência dos fatos
:: Memorizar o texto e não decorá-lo
:: Descobrir as imagens verbais, sonoras e corporais
:: Adequar a história ao público e ao espaço onde vai ser contada
:: Olhar nos olhos das pessoas para trazê-las para dentro da história
:: Estabelecer confiança com os ouvintes. Prestar atenção nas expressões, criando cumplicidade com o grupo
:: Observar a modulação da voz, tentando deixá-la clara, correta e bem colocada
:: Usar criatividade para dar vida às personagens
:: Investir na atualização de suas leituras e escolher um bom repertório de histórias
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