O encerramento do convênio entre os pontos de cultura de Caxias e o poder público, depois de três anos, evidencia as dificuldades para a manutenção das atividades das entidades em 2015. Três dos 10 aprovados fecharam as portas - sendo dois deles antes do final do contrato - , e dos sete abertos, um terá funcionamento parcial.
Já estava previsto que, em 36 meses, os pontos deveriam se tornar autossustentáveis.
O ponto Comunitário Zona Sul, no bairro Bom Pastor II, e o Capoeira, Cultura que Une, com atuação nos bairros Santos Dumont, Oriental e Primeiro de Maio, já não estavam funcionando. No final do ano, o Vila Seca em Cultura também cerrou as portas.
A responsável pelo ponto do distrito, Leda Sachetto, explica que a comunidade não tem condições de mantê-lo. Já o Música para Todos, que tinha um estúdio de gravação no bairro Belo Horizonte, além de aulas de violão e cavaquinho, aguarda o edital de oficineiros para garantir as aulas a quatro turmas de crianças do Belo Horizonte, Santa Fé e da Escola Ruben Bento Alves.
- Não temos condições de fazer manutenção, ou bancar um técnico de som e nem pagar pela segurança - explica o coordenador, José Pascual Dambrós.- Aguardamos um edital para o oficineiro, porque sem recurso não temos como fazer isso - completa.
Na última semana, todos os equipamentos do estúdio de gravação, além de câmeras fotográficas e filmadoras do Música para Todos foram devolvidos à prefeitura. O presidente do bairro Belo Horizonte, Jairo Gomes, explica que só foram mantidos os 10 violões e os 10 cavaquinhos.
- Para o bairro, é uma perda grande. Os pais passam por aqui e nos perguntam quando as aulas vão voltar, eu me sinto constrangido - comenta Gomes, acrescentando que mais de 15 CDs foram gravados no estúdio agora desativado.
Embora difícil de ser conquistada, a autossustentabilidade depois de três anos é uma das premissas do acordo entre as entidades e o poder público. Depois disso, a prefeitura continua garantindo a sede de cada um, o resto das ações deve caminhar sozinho - e cada ponto tem autonomia para cobrar ou não pelas atividades oferecidas.
Uma das coordenadoras da rede pontos de cultura no município, Claudete Travi, explica que o convênio termina em 31 de janeiro (algumas já acabaram antes, porque os pontos foram conveniados em datas diferentes).
- Os gestores sabiam que o convênio tinha um fim e que precisariam pensar na sustentabilidade. Hoje temos grandes agentes culturais na cidade - afirma.
A secretária municipal da Cultura, Rubia Frizzo, reconhece que a sustentabilidade econômica na área da cultura não é fácil, mas diz que a secretaria não pode privilegiar um grupo em detrimento do outro.
- O ponto funciona como uma incubadora, agora eles estão prontos para decolar. Temos dois editais permanentes, a LIC e o Financiarte, além de um edital para oficineiros que pode ser usado. Percebemos um grande crescimento dos pontos de cultura, agora eles precisam dar retorno para suas comunidades - diz.
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Pontos de Cultura têm dificuldades para se manter em Caxias
Fim do convênio entre entidades e poder público, depois de três anos, evidencia o problema
Tríssia Ordovás Sartori
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