Com 24 anos de experiência no mercado editorial, tendo passado pelas maiores empresas do ramo - Brasiliense, Companhia das Letras, entre outras -, a editora da Cosac Naify, Marta Garcia, conversou com o Pioneiro sobre os critérios de avaliação de novos autores de literatura brasileira. Garcia também deu dicas aos iniciantes, como a necessidade de estudar o perfil de cada editora antes de enviar o original para avaliação.
Confira a reportagem completa sobre o que os editores querem dos novos autores brasileiros
Pioneiro: O que pauta as escolhas da Cosac Naify na hora de selecionar os lviros de novos autores brasileiros?
Marta: O que pauta a gente é qualidade e diversidade, basicamente. A gente não publica coisas de apelo comercial muito fácil, estamos preocupados com literatura de qualidade, ainda que não necessariamente ultrassofisticada. E diversidade em todos os sentidos: de gênero, idade, de regiões variadas do país. Às vezes as escolhas se concentram mais nas regiões Sul e Sudeste, mas é um acaso. Estamos em busca da maior diversiade possível, tanto regional quanto de estilo. Mas não há pre-requisitos.
Pioneiro: O autor que não estiver disposto a se misturar com seus leitores tem vez neste mercado?
Marta: Eu entendo perfeitamente o autor que queira se preservar, ficar em sua toca escrevendo, sem colocar a cara na janela. Mas fica mais difícil divulgar um livro atualmente sem o autor ir para o público. Hoje se espera que o escritor faça lançamentos, palestras, dê entrevistas, tenha Facebook, blog, twitter. Mas enquanto alguns tem uma capacidade de comunicação com o público muito grande, outros não têm. E isso tem que ser respeitado.
Pioneiro: É comum a editora selecionar um autor cujo original não seja tão bom, mas demonstre um potencial de crescimento?
Marta: Isso acontece muito, da editora apostar na carreira de determinado autor. Vai da experiência do editor, pois não temos bola de cristal, não sabemos se ele vai continuar publicando ou não, mas a gente tem um feeling e faz a aposta.
Pioneiro: Hoje é mais fácil para o jovem autor publicar se comparado com o período em que tu começou neste ramo?
Marta: Estou há mais de 25 anos no mercado. É um pouco difícil, mas de uma maneira bem genérica eu tenho a impressão de que há um espaço maior para lançamentos de literatura brasileira. HÁ uma quantidade maior de editoras, surgiram vários prêmios literários, o que estimula tanto autores quanto editores. Mas vende-se pouco, isso é fato. A não ser o que já é best seller, ou medalhão. O jovem autor não tem uma carreira fácil. Ele pode ter editoras olhando o trabalho dele, interessadas em publicar, mas a literatura brasileira contemporânea ainda é um mercado em formação.
Pioneiro: Quais as dicas para o jovem escritor que ainda não publicou?
Marta: Antes de mais nada, não se precipitar e entregar uma coisa muito crua para o editor, só pela ansiedade de publicação. Aconselho a escrever, engavetar por um tempo, depois reler, pedir a ajuda de bons leitores. Claro que não pode haver um papel de censura, mas sim uma autocrítica e um cuidado antes de enviar em vão. E muita leitura, claro. Nada como ler bastante.