O Projeto Arara Azul celebra 24 anos empilhando conquistas. As menos de 2 mil aves existentes em 1989 no Pantanal do Mato Grosso do Sul hoje somam 5 mil. A multiplicação foi providencial, pois o tráfico da arara azul empurrava a espécie para a extinção. O Projeto Arara Azul foi idealizado pela bióloga Neiva Guedes, coordenadora de uma equipe que acompanha a ave do ninho à fase adulta.
O mérito de Neiva foi ter projetado caixas de madeira afixadas no alto de enormes árvores para atrair araras azuis no período de acasalamento. Deu certo. As aves buscam os caixotes e transformam-nos em ninhos. A equipe do projeto visita cada ninho pelo menos uma vez a cada 30 dias. Os filhotes são pesados, medidos, têm sangue coletado e, antes de alçar voo, são anilhados numa pata para posterior acompanhamento. Os pesquisadores começam a implantar chips sob a pele das aves, mas a tecnologia ainda carece de equipamentos complementares que possibilitem rastrear os animais.
O Projeto Arara Azul monitora 663 ninhos espalhados em 51 fazendas pantaneiras do Mato Grosso do Sul e em uma propriedade do Mato Grosso no Norte. Duzentos e cinquenta desses ninhos são artificiais (caixotes) e 413 naturais (escavados pela arara azul em troncos de manduvi).
A arara azul precisa de quase nada para viver. Três árvores são o tripé que mantém a espécie no ar: o manduvi (para o ninho) e o acuri e a bocaiuva (palmeiras que produzem os coquinhos que alimentam as araras do nascer ao morrer). As duas palmeiras existem em abundância e não estão a perigo no Pantanal. O manduvi, porém, anda escasso. Felizmente, celebra Neiva, o manduvi não tem qualquer potencial econômico. Seu ressurgimento, pois, depende da boa vontade do pantaneiro em preservar os exemplares existentes e plantar mudas.
FICHA TÉCNICA
Arara azul (Anodorhynchus hyacinthinus, da família dos Psittacidae)
Ocorre no Pantanal (abrange os Estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e parte da Bolívia e Paraguai), ao Norte (no Pará); e no Cerrado (no encontro dos Estados do PI, MA, TO e BA).
Mede cerca de 1 metro entre o bico e a ponta do rabo A envergadura das asas mede 1m30cm
Começa a acasalar aos 8 anos
Vive 55 anos em média
Põe dois ovos. A incubação demora 28 dias
O filhote nasce 28 gramas
O casal é fiel um ao outro por toda a vida
A espécie vive em pares (casais), em famílias ou em bandos
A alimentação no Pantanal consiste unicamente de coquinhos (acuri e bocaiuva)
No Exterior é considerada a mais bela, a rainha das araras
Pesa até 1,3 quilos
O filhote alça voo, em média, no 107° dia de vida
Fora do ninho, os pais seguem alimentando o filhote por seis meses
Não há registro de cruzamento entre araras irmãs
É defendida pelo Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora (Cities)
O Projeto Arara Azul ganhou importante reforço. Na semana passada, a Fundação Toyota do Brasil inaugurou na capital Campo Grande o Centro de Sustentabilidade Instituto Arara Azul. Na prática, o projeto ganhou um ponto de referência para estudantes e pesquisadores que buscam dados científicos sobre a espécie.
Na inauguração, houve o plantio de uma muda de manduvi no pátio frontal do Instituto.
Além da Toyota e Fundação Toyota, o Projeto Arara Azul tem apoio e parceria, entre outros, com a Universidade Anhanguera-Uniderp, Bradesco Capitalização e Refúgio Ecológico Caiman.
* O repórter viajou a convite da Fundação Toyota do Brasil.
Meio ambiente
Projeto Arara Azul minimiza risco de extinção no Pantanal
Bióloga lidera equipe que ajuda ave a se reproduzir e monitora crescimento da espécie
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