O trio mais famoso do pop rock nacional desembarca neste sábado em Caxias para show na All Need Master Hall, às 23h59min. É a hora do compositor e guitarrista Herbert Viana, o baterista João Barone e o baixista Bi Ribeiro celebrarem 30 anos de carreira junto ao público da Serra.
Com 19 álbuns e uma série de hits que lhes renderam admiração e prêmios nacionais e internacionais, Os Paralamas do Sucesso atravessam gerações.
O baterista considera o momento como se fosse o começo de tudo, com a mesma chama daqueles jovens que nos anos 1980 conquistaram o Brasil. Por telefone, de sua casa no Rio de Janeiro, João Barone falou ao Pioneiro.
Pioneiro: Os Paralamas do Sucesso têm 30 anos de carreira. Como você resume essa trajetória?
João Barone: O resumo é o show que a gente preparou. Ele dá uma amostra da nossa produção, desde o primeiro álbum. Os 30 anos representam um encontro, uma coisa que funcionou. Tentando ver as razões pelas quais chegamos aqui, a gente depara com nossa grande satisfação, realização e, às vezes, insatisfação de fazer o que a gente faz. Mas o que mais sustenta tudo isso é o fato de sermos amigos, de termos uma relação muito preciosa durante esse tempo. Isso explica gostarmos tanto de tocar, de estarmos tanto tempo na estrada. São vários aspectos, que nos parecem similares ao começo do grupo, com a mesma chama e vontade de tocar. Isso funciona como o marco zero da banda.
Pioneiro: Você considera algum disco melhor ou mais importante nessa história?
Barone: É o Selvagem?, nosso terceiro álbum. Há uma mítica com a produção musical de artista novo. Ela diz que se ele sobreviver ao terceiro álbum terá carreira longa. Foi bem o nosso caso. Ele representou uma nova fronteira que cruzamos, por misturarmos música negra, elementos brasileiros com rock. Embora isso tenha sido feito antes pelo Raul Seixas, Mutantes, Os Novos Baianos, a gente arriscou na nossa geração e saiu com uma coisa diferenciada, que nos deu um atestado de longevidade. A partir desse álbum fomos utilizando todas essas matizes sonoras no nosso trabalho. Uma hora estávamos mais rock, em outra mais reggae, em outra mais baladeiros.
Pioneiro: Como foi montar o setlist?
Barone: Aparentemente é fácil, bastando enfileirar as músicas mais conhecidas. Mas não foi assim. Fomos experimentando e resolvemos agrupar músicas que têm a mesma forma, algumas mais soft, algumas rock, outras mais baladas, outras mais chegadas para afro e reggae. Acabou sendo uma tarefa bastante instigante de fazer um show que não é baseado em um trabalho novo. Começamos a turnê no final de abril e os shows são ótimos, super pra cima. E soma-se a isso o apelo visual. Resolvemos colocar coisa diferenciada, usando um telão que passa clipe, um clima para cada música.
Pioneiro: Há novos arranjos nas músicas?
Barone: Não. Em alguns momentos elas estão agrupadas, mas não necessariamente em um medley (modo de executar várias músicas em uma única faixa). Algumas tocamos extratos, outras tocamos inteiras. Rola homenagem para bandas que gostamos muito, como The Who e Led Zeppelin.
Pioneiro: A partir da turnê, vocês já estão pensando em disco novo?
Barone: Sim. O Herbert não para de compor. Mas resolvemos embarcar na turnê dos 30 anos. Até o final do ano, haverá o relançamento da nossa discografia, com surpresas de inéditas e coisas raras.
Pioneiro: Vocês já tocaram diversas vezes em Caxias. Tu recordas de algum episódio?
Barone: Nossos shows aí sempre foram muito concorridos. A gente tocou uma vez em um lugar com uma lona, tipo um circo...
Pioneiro: O Teatro de Lona...
Barone: Exatamente! Lembro que era um calor louco dentro e uma friaca lá fora (risos).
Pioneiro: Os Paralamas explodiram com uma apresentação histórica no primeiro Rock in Rio, em 1985, festival que volta hoje. Dizem que o Rock in Rio, de rock, não tem nada mais. Qual sua opinião?
Barone: Para sustentar um megaevento desses, a organização faz concessões para garantir o grande público. O rock às vezes é negligenciado pela capacidade de juntar gente. Acho que isso vem da necessidade de garantir retorno comercial para o negócio. Mas é curioso, porque no primeiro Rock in Rio pouca gente acreditava que juntaria tanta gente para ver Ozzy Osbourne, e juntou. No primeiro tinha George Benson e James Taylor, artistas internacionais que eram conhecidos aqui por um público muito seletivo. É engraçado isso. Quem é mais conservador reclama de cantoras baianas em festival de rock. Isso já ficou claro no primeiro Rock in Rio, onde o Herbert deu uma chamada às pessoas que estavam agressivas a determinados artistas. Mas o Rock in Rio pode proporcionar uma seleção de tribos, e não haverá show de axé em dia de heavy metal, porque senão vai dar problema (risos).
Pioneiro: O que o João Barone tem escutado?
Barone: Quem tem me mostrado coisas legais é minha filha, a Laura, que está com vinte e poucos anos (risos). Ela adora a produção solo do John Frusciante (ex-guitarrista do Red Hot Chilli Peppers). Arctic Monkeys também ela me mostrou. Gosto muito ainda de ouvir Led Zeppelin, Beatles, que ouvi bastante ultimamente por conta de um projeto que está rolando e, inclusive, a gente vai tocar em Porto Alegre no final de novembro. É o Banco do Brasil Couvers, com repertório dos Beatles. O Liminha está na direção e tocando baixo, o Dado Villa-Lobos tocando guitarra e cantando, o Leoni, o Toni Platão cantando também. Tem ainda o Paulo Miklos e a Sandra de Sá.
Serviço
A All Need Master Hall fica na Rua Castelnovo, 13.351, bairro Capivari, em Caxias do Sul.
Ingressos a R$ 50 (pista), R$ 70 (vip), R$ 80 (mezanino) e R$ 100 (camarote), à venda nas unidades da Skill Idiomas de Caxias (54-3021.6445), Bento (54-3702.0113) e Farroupilha (54-3268.3377) e pelo site www.blueticket.com.br (há taxas) ou na hora, conforme disponibilidade.