A trama central do remake de Guerra dos Sexos é idêntica a da novela original, que foi ao ar em 1983. Porém, a roupagem tem nuances diferentes, e algumas questões chamam atenção quando se compara as duas produções. Afinal, quase 30 anos se passaram e muita coisa mudou no Brasil e no mundo.
Para o autor, Silvio de Abreu, este não é um remake de 1983, mas uma produção genuinamente nova. Naquela época, não existiam celulares, tablets ou redes sociais. Isso obrigou a adaptação de quase todas as cenas, além da maneira de falar e o raciocínio dos personagens.
- Tive de reescrever todos os diálogos. Mas as situações principais e toda aquela maluquice continuam as mesmas - avisa Silvio de Abreu.
PRINCIPAIS DIFERENÇAS
MODA
Em 1983: na abertura da trama, os trajes de ginástica para homens e mulheres retratavam a moda das academias que começavam a se popularizar. Ombreiras eram comuns em roupas femininas, bem como acessórios que faziam alusão aos figurinos masculinos, como gravatinhas ou ternos largos, eram comuns na trama e nas ruas.
Hoje: despojamento e glamour são as palavras que guiam a figurinista Marília Carneiro na nova trama. Charlô é politicamente incorreta, assim como as peles e plumas que usa para completar as elegantes blusas e calças de seu guarda-roupa. Otávio (Tony Ramos) tem figurino bastante particular, quase retrô, inspirado nos atores Clark Gable e Gary Cooper, galãs norte-americanos da década de 40.
SITUAÇÃO SOCIAL
Em 1983: o Brasil estava sob censura. Nas palavras de Silvio de Abreu, "era proibido mostrar ou falar de adultério. Então, os personagens Fábio e Juliana não podiam se beijar, se tocar. Eles apareciam apenas conversando sobre o relacionamento que tinham. A censura marcava em cima. Também implicavam com a Vânia, uma mulher que não queria casar e escolhia os homens. Era o mau exemplo que mexia com a família brasileira.".
Hoje: nada de casamento arranjado, pelo contrário. Teve até uma noiva em fuga logo no início da trama, Analú (Raquel Bertani), que deixou a família de cabelo em pé ao correr do altar com o vestido branco. Adultérios também são comuns no remake, como é o caso de Juliana (Mariana Ximenes) com o fotógrafo Fábio (Paulo Rocha), casado com Manuela (Guilhermina Guinle). O funcionário da Charlô's só não se separa da mulher porque não quer ficar longe da filha pequena.
MERCADO DE TRABALHO
Em 1983: desde que o feminismo começou a ocupar as manchetes de jornais, a busca por igualdade e o equilíbrio entre os gêneros ganharam força. O movimento de 1970 impulsionou a procura feminina por posição profissional. Coube ao homem aceitar que a mulher já não era subordinada, mas sim uma igual.
Hoje: nas palavras de Silvio de Abreu: "Hoje, nós temos uma mulher como presidente. Preciso falar mais alguma coisa? A mulher já conquistou o espaço dela e o homem está numa posição inferior a que estava há alguns anos. E o pior: sem entender essa nova mulher, sem aceitar ordens de uma chefe mulher ou pelo menos se sentir confortável com isso. O homem não está acostumado a ser caça; ele foi educado para ser caçador. Que mulher é essa que agora toma a iniciativa, tem liberdade de escolha e coragem? O homem ficou sem saber lidar com isso".
Outros tempos
Entenda as diferenças inevitáveis no remake de 'Guerra dos Sexos'
Desde 1983 muita coisa mudou no Brasil e no mundo
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