Tudo começou com um casal católico e muito devoto de São Sebastião, que vivia em uma localidade chamada Três Irmãos, entre os municípios de Cambará no Sul e Jaquirana. O lugar recebeu o nome devido a três morros iguais, fixados bem a vista na entrada da comunidade. Thomaz Cavalheiro e Maria Pereira Cavalheiro, na década de 1910, empenharam-se então para a construção de sua casa que, ao mesmo tempo, serviria como igreja e capela para louvar São Sebastião. Iniciou-se então uma tradição que se estende até hoje, em que a família realiza, em todo janeiro de cada ano, novenas em homenagem ao santo.
– As primeiras eram feitas pelos nossos antepassados, durante 9 dias antes do dia oficial do padroeiro, que é dia 20 de janeiro. Rezávamos uma por dia – explica João Cavalheiro, bisneto de Thomaz e Maria e um dos familiares que mantém viva a tradição da família atualmente.
As orações cantadas na ocasião foram passadas de geração em geração. Primeiro, com Martins Cavalheiro, primeiro filho de Thomaz e Maria Pereira, ao lado de sua esposa, Maria Inácia Cavalheiro. Depois, Martins e Inácia passaram para a filha Maria Eloila, que, por sua vez, levou a devoção aos nove filhos.
Com o passar dos anos, os filhos de Eloila cresceram e se mudaram para Caxias do Sul, em busca de melhores condições de vida. Em meados de 1975, ao se estabilizarem na cidade, trouxeram consigo a mãe e os irmãos pequenos. Mesmo morando em Caxias, a família nunca deixou a devoção de lado, e visita regularmente a capela de São Sebastião. Devido à distância, eles não conseguem mais rezar as nove novenas antes do dia 20, como era de costume. Mas, mesmo assim, viajam até Três Irmãos anualmente para, juntos, rezarem três novenas para o santo e manter viva a tradição centenária.
Festa para São Sebastião
Neste final de semana, a família Cavalheiro viaja, mais uma vez, até a capela de Três Irmãos para realizar a devoção. Na ocasião, será feita uma grande festa em homenagem a São Sebastião e aos antepassados que iniciaram a tradição. Entre as atividades, será acendida uma grande fogueira, e trocado o tradicional mastro com a bandeira da família. Depois, ocorre uma procissão em que quatro crianças carregaram a imagem do santo. O artefato foi esculpido em madeira por integrantes da família, há aproximadamente cem anos.
A capela pertence a família, não visa lucros e é mantida por meio de ajuda comunitária e doações. Em Jaquirana, uma igreja maior foi construída, em homenagem ao santo, pela comunidade. Apesar de manter seu santuário particular, a família também participa das comemorações feitas no local, e é conhecida na cidade por sua devoção e religiosidade.