Há quase 20 anos, em 18 de agosto de 1997, o jornal Pioneiro divulgava o grande vencedor da 25ª edição do Festival de Cinema de Gramado, o filme For All – O Trampolim da Vitória, onde Buza Ferraz e Luiz Carlos Lacerda dividiram o comando de cena.
O longa levou cinco Kikitos – troféu máximo da premiação –, incluindo melhores filme, roteiro, música, direção de arte e por júri popular, consagrando-se em Gramado na época. Na história, que se passa em 1943, na cidade brasileira de Parnamirim, os Estados Unidos constroem a maior base militar fora de seu território em plena Segunda Guerra Mundial. A presença americana altera a estabilidade das famílias locais e modifica as relações sociais, trazendo certo glamour e cultura hollywoodianas à cena. O elenco contava com nomes como Betty Faria, José Wilker, Paulo Gorgulho e Caio Junqueira, que também levou o prêmio de melhor ator revelação, por Buena Sorte e For All.
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Convidado e indicado
Convidado a apresentar pela segunda vez o Festival de Cinema de Gramado, José Wilker foi presença ilustre na 25ª edição do evento. Aos 52 anos, o cearense que, na época, já carregava o reconhecimento de uma carreira ímpar, foi indicado ao Kikito de melhor ator pela interpretação do personagem Giancarlo em For All, grande vencedor da noite.
Apesar de ter perdido o prêmio para Cláudio Marzo, por sua atuação em O Homem Nu, Wilker brilhou durante as coletivas e as entrevistas que ocorreram durante o festival. Na época, prestes a atuar em outros filmes, o ator dirigia o programa Sai de Baixo, era cronista para o Jornal do Brasil e havia acabado de escrever o livro Como Deixar um Relógio Emocionado, reunião de crônicas suas publicadas no jornal.
Densidade que mereceu destaque
Na noite da premiação, o diretor Beto Brant – que já havia tido sua estreia no cinema premiada com o curta Aurora (1987), no festival de Brasília e de Gramado – levou o Kikito de melhor direção pelo seu primeiro longa, Os Matadores. O filme também recebeu o Kikito de melhor montagem e fotografia, além do prêmio especial do júri. A história, baseada em um conto do jornalista e roteirista de cinema brasileiro Marçal Aquino, se passa na fronteira do Brasil com o Paraguai, e narra a trajetória de um jovem ladrão de carros, recém ingresso no mundo da pistolagem, que descobre o universo das lendas sobre um famoso matador uruguaio, morto por se envolver com a mulher do chefe. Repleto de flashbacks, o filme se estrutura de forma dinâmica, como se fosse composto de diversos episódios.
Para fugir do estereótipo da violência, o diretor contou na época, em entrevistas, que optou por adensar psicologicamente os personagens, através de pausas nos diálogos, permitindo a ação livre da interpretação de cada ator. Brant foi a Gramado somente para a exibição do filme, voltando logo após para Minas Gerais, a fim de acompanhar as gravações de seu próximo longa.