Acho lindo aqueles Gre-Nais com torcida mista, em que namorados – um com camisa do Grêmio, outro do Inter – compartilham um momento, que é absurdamente passional, de forma completamente pacífica.
Talvez a paixão suscitada pelo futebol seja uma das mais ardentes e irracionais e, mesmo nesse contexto, torcedores em lados opostos conseguem exercitar a resiliência, compactuam com crenças que não são as suas. Cito o exemplo da Capital, porque ainda não temos iniciativa similar em Caxias, apenas por isso.
E pode até parecer um exemplo bobo, mas dada a situação de intolerância que atravessamos nos últimos tempos, ela é emblemática. Já pensaram eleitores do Lula e do Bolsonaro juntinhos, cada qual com sua bandeira, abraçados e ouvindo argumentos um do outro? Sei, agora fui longe demais, arrisquei pular logo para o extremo – só para causar desconforto e passar ao momento central da reflexão.
É muito difícil convivermos e aceitarmos pessoas diferentes à nossa volta. Já é difícil quando são pessoas que gostamos e respeitamos. Ser empático é uma tarefa árdua, até com aqueles que escolhemos.
Imagina fazer isso com alguém que só está de passagem – sabe-se lá por que – pela nossa timeline. Não há tempo/espaço para a tolerância.
A polarização expressa nas redes sociais vem se tornando cada vez mais a forma como encaramos o mundo: uma chatice sem tamanho. Ou alguém pensa como a gente, ou pensa errado. E a situação ainda tem agravantes. Para provar que uma posição está correta, o caminho mais fácil é desconstruir a posição oposta, aí existirá apenas uma via possível.
Se não fôssemos cheios de meandros e idiossincrasias, seria importante firmar posições definitivas em quase tudo – esporte, política e religião até podem ser imutáveis aos olhos de muitos –, mas se não pararmos para tentar ouvir o outro lado vai ficar cada vez mais difícil o já difícil ato de conviver em sociedade.
Comecemos por quem gostamos, então.
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