Mesmo trabalhando na reta final da série televisiva Vento Sul, que deve chegar em breve à telinha da TV Brasil, o pessoal da caxiense Transe Filmes já está tocando uma nova iniciativa. Pampa Hypertropical será um média-metragem - também dedica às tevês públicas - que discute os conceitos de brasilidade. O projeto volta olhares para a região da fronteira do RS, cenário no mínimo peculiar para vasculhar paixões nacionais como o futebol e o samba.
As primeiras gravações ocorreram na semana passada com o escritor gaúcho Aldyr Schlee, de 82 anos. Filho nato da região de fronteira com o Uruguai (é natural de Jaguarão), ele é reconhecido como o criador da camisa da seleção brasileira. Entretanto, costuma torcer para o país vizinho, do qual cresceu tão próximo. O diretor André Costantin e o produtor executivo Daniel Herrera levaram o "dono" da camisa amarela para uma partida entre Brasil e Uruguai, em pleno estádio Centenário de Montevidéu.
- Quando tocou o hino do Uruguai ele se desmanchou, chorou muito. Acho que também teve o lance de que a mulher dele era tri companheira para ver os jogos, torcer.. e ele ficou viúvo há bem pouco tempo. O Aldyr tem uma identificação muito forte com o Uruguai, ao mesmo tempo que faz uma crítica forte ao futebol brasileiro e à malandragem presente nesse universo - conta Costantin.
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Além de levar Aldyr Schlee para o jogo, a equipe da Transe ainda acompanhou a volta do escritor à terra natal - onde não ia há pelo menos dois anos, por conta da enfermidade da esposa - e o retorno dele à casa em Jaguarão do Sul, onde costuma escrever. A literatura, aliás, é o ofício pelo qual o criador do uniforme da seleção quer ser reconhecido. Às câmeras do Pampa Hypertopical, ele falou abertamente sobre a decepção de ver sua "invenção" simbolizando protestos recentes dos quais não compactua com a ideologia.
- Ele se mostrou inconformado com isso, com tristeza de ver a camisa sendo usada dessa forma _ contou Costantin.
Pampa Hypertropical deve chegar à televisão somente no ano que vem.