A Câmara de Vereadores de Caxias do Sul teve uma pauta modesta na semana passada. Nas sessões de terça e quinta-feira, foram apenas quatro projetos: a criação de três frentes parlamentares e uma moção de apoio à inclusão dos serviços educacionais por meio de aulas presenciais como atividades essenciais durante a pandemia. Destacaram-se, por outro lado, alguns debates importantes, entre eles um seminário da Comissão de Desenvolvimento Urbano, Transporte e Habitação sobre mobilidade para os ciclistas.
Na semana, a Câmara recebeu as visitas dos secretários do Urbanismo, João Uez, e da Saúde, Daniele Meneguzzi, com informações sobre o enfrentamento à covid, e os vereadores puderam esclarecer e cobrar pontos importantes. Nesta semana que começa, devido ao cenário que exige bandeira preta, a Câmara funcionará com a realização de sessões de forma remota. Na sessão de quinta-feira, já houve um modelo híbrido, com três vereadores (na foto) participando remotamente por uma plataforma (Zoom) de videoconferência. Nas próximas sessões, somente o presidente da Mesa, Velocino Uez (PTB), estará no plenário para dirigir os trabalhos.
Com uma adequação formal ao que o agudo momento da pandemia exige, seria importante também a Câmara de Caxias emitir apoio político às medidas mais extremas adotadas pelo governo do Estado para frear o contágio, prioridade máxima para o momento, pois se trata de ainda evitar o colapso da rede de saúde e poupar vidas. Aí já é mais difícil, mas é um debate que se impõe para esta semana. O apoio político da Câmara tem peso e reforça um indicativo sobre as prioridades do momento à população.
Visões distintas
A vereadora Tatiane Frizzo (PSDB) questionou se, "em plena bandeira preta, é o momento do retorno presencial às salas de aula?" Já o vereador Mauricio Marcon (Novo) criticou as restrições do governador de funcionamento restrito do comércio: "O comércio NÃO tem culpa pelo agravamento dos casos. Ninguém pega covid em uma loja. Suas restrições NÃO (assim, em maiúsculas) fazem sentido, Eduardo Leite!" Já seu colega de bancada, Mauricio Scalco, além de ter sido pedagógico e tentado explicar em rede social o que significa a suspensão da cogestão, escreveu: "Temos que redobrar ainda mais os cuidados e torcer para que essa atitude do Governo do Estado realmente contribua para a diminuição dos índices da covid no RS. Vamos ter consciência e seguir os protocolos de saúde."
Bem mais agregador do que Marcon.
Haveria um bom debate se o tema das restrições em bandeira preta chegar ao plenário da Câmara de Caxias _ o que deveria ser natural, visto que é o tema dominante de todos os debates. E a Câmara deve ser caixa de ressonância, sem ignorar o assunto.
E, diante do negacionismo reinante, poderia até, quem sabe como sugestão, haver uma moção de apoio à vacinação. Os vereadores podem apoiar politicamente o enfrentamento à covid e à contenção do contágio de forma bem mais contundente do que tem se visto.