Estamos constantemente procurando por validação e isso já não é novidade para ninguém. Não sei dizer quando isso começa exatamente (acredito que seja lá na infância mesmo), mas o século 21 encontrou uma maneira muito mais tórrida de nos sentirmos reféns do outro: como sempre, a culpa aqui é das redes sociais.
Falo isso porque assistimos diariamente a rotina dos nossos conhecidos, seja por fotos ou vídeos. E, se pensarmos bem, aquela fotografia postada não representa absolutamente nada além de uma auto comprovação que busca ser validada. Exemplificando, aquela foto que mostra o treino da academia concluído com sucesso serve como lembrete pessoal: “eu tenho uma rotina saudável”. Em paralelo, a mesma foto busca uma espécie de reforço que vem de terceiros: “você tem uma rotina saudável”.
Recentemente coloquei algumas enquetes no meu perfil e, infelizmente, os resultados não me chocaram nem um pouco. Seguindo o mesmo exemplo da vida fitness como forma de raciocínio, perguntei se as pessoas se sentiam frustradas ou motivadas ao verem publicações dos outros em uma academia. 53% respondeu que a frustração é o sentimento que mais aflora, sem contar os 64% que disseram estar infelizes com o próprio corpo. Por fim, 79% das pessoas nunca pensou que aquilo que publica impacta – positiva ou negativamente – alguém que assiste do outro lado.
A rotina fitness foi só um exemplo. O ponto que procurei levantar foi um só: todos somos influenciadores. Quer dizer, a profissão dos sonhos dos últimos anos é exercida por todos nós diariamente. Tendo 100 ou 100 mil seguidores, fato é que influenciamos. E nem precisa ser em uma rede social, já que você pode vestir uma calça para ir trabalhar e convencer a sua colega a comprar uma igualzinha sem muito esforço. A diferença está puramente no alcance, mas todos somos responsáveis por aquilo que postamos – mesmo que muitos não concordem que também deveríamos ser responsáveis por aquilo que despertamos no outro a partir disso.
Influenciamos, seja de forma amadora ou não. O padrão de estilo de vida que lá atrás consumíamos nas páginas de uma revista hoje é sustentado nas redes sociais não só por famosos, e sim por todos nós. Não há ninguém triste em uma rede social. Não existem fotos de boletos a serem pagos. Não existe relacionamento fadado ao fracasso. O que existe é o lado bom, o recorte, aquela parte bonita que serve para que nós mesmos possamos nos convencer (e com sorte ao outro também) que a vida é assim o tempo todo. Ao menos, é o que tentamos acreditar enquanto o celular está ligado – aliás, quem é que desliga ele hoje em dia?