A greve feita pelos jogadores do Inter, nesta quarta-feira (1°), por conta dos atrasos no pagamento dos direitos de imagem, não é novidade para quem vive o futebol caxiense recentemente.
O Juventude, em pelo menos duas oportunidades - 2012 e 2014 -, teve casos de atletas se negando a treinar por dívidas do clube com o grupo de atletas. No Caxias, o caso mais recente foi no conturbado 2015, durante a Série C, que acabou no segundo rebaixamento do ano.
Algumas pessoas argumentaram ontem: “Os caras ganham R$600 mil, não devem estar passando necessidade”. Mas, sinceramente, a menor parte da culpa é de quem não recebeu pelo trabalho realizado - seja ele bem feito ou não, se recebe pelo combinado.
Nos casos da dupla Ca-Ju, a crise atingia também o salário do restante dos funcionários, o que piorava o cenário.
Em uma das greves que acompanhei aqui em Caxias do Sul, ouvi de um dirigente:
- Estamos trabalhando, vocês precisam ter paciência.
Respondi com uma pergunta:
- Na sua empresa, o senhor costuma atrasar o salário dos seus funcionários?
A negativa da resposta dele só confirmou a certeza de que a mística de tratar o futebol à parte da sociedade era a permissão, também, para não cumprir obrigações básicas.
Felizmente, pelo que se sabe, a realidade na dupla Ca-Ju está longe disso. Aparentemente, os clubes daqui têm tratado a administração como parte importante do clube. É preciso ter consciência de que o passo não pode ser maior que a perna. Mas a culpa sempre será de quem faz o contrato e não de quem não recebe.