Aquário chega em potência máxima neste sábado. Além da entrada do Sol no signo, às 11h07min, também nele adentra o distante Plutão, às 21h51min. Este mais lento dos planetas, associado a transformações profundas, permanecerá no signo das questões coletivas e humanitárias por 20 anos. O significado imediato desse importante trânsito astrológico é óbvio: o que é maior que a individualidade deve se impor, mediante crises que ressaltem a cooperação e a solidariedade como ferramentas de construção de um novo modelo de sociedade.
Foi na passagem anterior de Plutão por Aquário, de 1778 a 1798, que impactantes revoluções mudaram definitivamente as estruturas mundanas. Vide o efeito da então recente Revolução Americana, que espalhou anseios de emancipação e liberdade na conjuntura colonial, além de moldar um formato constitucional para as nações modernas. Vide também a Revolução Francesa, que abalou a ordem dos poderes herdada do feudalismo e definiu liberdades individuais e conquistas sociais com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
Também foi no mesmo trânsito de Plutão por Aquário que o conhecimento científico, reforçado pelos ideais iluministas, passou a dar o tom do progresso. Máquinas criadas a partir de experimentos científicos geraram a Revolução Industrial. A produção em massa inchou as cidades. A educação se tornou um investimento fundamental. Transportes e comunicações em ritmo cada vez mais veloz ampliaram fronteiras. E a economia pautada no capitalismo se entronizou como divindade, na base de consumir mais e produzir mais e mais e mais...
Na dinâmica regeneradora de Plutão, pela qual é preciso purgar o nocivo para gerar o novo, aquele fim de século XVIII aboliu uma velha ordem e fundou o mundo em que vivemos. Importa recapitular esse cenário antigo para entender a força do ciclo que ora se repete e para conhecer os temas que virão à baila. Claro que vivemos noutro contexto, e que agora não há as tensões a Plutão vindas de outros astros. Mas certamente o próprio modelo de sociedade ali desenhado passará por necessárias revisões.
Um dado divulgado recentemente já deixa claro um extremo a ser corrigido: nos últimos anos, os mais ricos do mundo se tornaram ainda mais ricos, enquanto a pobreza aumentou entre os mais pobres. Esse fosso de desigualdades econômica e social se acentua em meio a alterações irreversíveis no equilíbrio climático da Terra, motivadas pela ação humana. Plutão costuma agir como uma inexorável força corretiva da natureza. Como Aquário representa a consciência grupal e os movimentos sociais, a mudança — com suas devidas revoluções — está nas mãos de todos. Menos em governos e mais em organizações independentes.
Para isso, deve aumentar a inédita afirmação política de grupos diversos, em defesa de direitos e identidades, mas com o desafio de saber lidar com os diferentes em prol do que é maior: a justiça social, a questão climática. Ciência, conhecimento e informação ampla, dádivas aquarianas, devem estar a serviço do bem comum, ou também terão que receber ajustes em suas práticas. E aqui entram os já conhecidos problemas em torno da tecnologia e das redes virtuais.
No entanto, a questão maior, e por isso mais urgente, diz respeito ao planeta mesmo em que vivemos. A natureza já não suporta servir de mero combustível para a sanha irrefreável da produção consumista, nem de depósito de lixo. E Plutão em Aquário diz que esse problema é seu e meu. É nosso. Precisamos agir já, de mãos dadas.