Adeus ano velho, feliz ano novo. A mudança no calendário sempre aciona em nós uma ânsia pelo futuro próximo. Que qualidade terá 2024, já que costumamos atribuir aos anos o tom de seus maiores eventos? Claro que cada pessoa e cada nação, possuidoras de um particular mapa astrológico de nascimento, irão reagir de formas diferentes ao que virá, mas é possível especular sobre o clima geral dos imediatos ciclos cósmicos. E o principal desses ciclos, a conjunção entre Júpiter e Urano, dá motivos para otimismo.
É uma configuração de aberturas e expansões, oposta à energia de contração e limites que marcou o pesado encontro entre Saturno e Plutão, cujo ápice se deu em 2020, com a pandemia. Se Saturno e Plutão evidenciam um tom sempre sombrio e traumático, que reverbera em posturas coletivas regressivas e reacionárias, as conjunções entre Júpiter e Urano, por sua vez, fermentam o novo e o libertário. Tais alinhamentos ocorrem a cada 13 anos, com desdobramentos culturais muito criativos.
Só para conferir na História: as descobertas científicas de Kepler e Galileu sobre o cosmos, as teorias de Darwin sobre a evolução das espécies e as de Freud sobre a psicanálise vieram à luz durante diferentes encontros entre Júpiter e Urano. Mundos se ampliam, redefinindo tudo. Também ganham força movimentos sociais e políticos capazes de criar uma nova ordem no futuro, vide a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa, ambas ocorridas sob conjunções entre os citados planetas.
O alinhamento de 2024 se dará no signo de Touro, em abril. Temas taurinos, como a natureza e as finanças, podem ganhar impulso com o surgimento de novos modelos de gestão ou a partir de mobilizações por melhorias. Questões climáticas também se inserem nesse recorte, é claro. Já a partir do final de maio, Júpiter muda de signo e entra em Gêmeos, de onde fará ângulo tenso com Saturno no segundo semestre. A educação e as comunicações, com suas problemáticas, podem ser o alvo de necessários ajustes. A cobrança realista de Saturno tende a corrigir excessos e desatenções anteriores.
Em 2024, o transformador Plutão ingressará de vez em Aquário, para um ciclo de 20 anos. No signo da afirmação dos grupos em âmbito social e político, Plutão pode trazer intensidade e muito radicalismo. O longo desafio será o fortalecimento das diversas identidades sociais sem perder o foco maior, de alcance planetário. Se cada grupo, ou partido, encarar o outro como inimigo, como lutar juntos por temas que envolvem a todos, como a urgente questão climática? Também regida por Aquário, a tecnologia ganha ainda mais protagonismo, haja vista os atuais espantos com a inteligência artificial.
Saturno e Netuno seguirão girando em Peixes, o último signo do zodíaco, dissolvendo fronteiras, misturando tudo. Netuno ressalta a dádiva pisciana da compaixão, enquanto Saturno clareia as responsabilidades pessoais sobre os rumos coletivos. Embora a cultura atual reforce individualismos, tais configurações indicam que sem esforços conjuntos não se resolvem questões cada vez mais amplas. Já não há fronteiras que deixem os problemas do mundo longe das nossas portas.
E eu com isso? Vale aqui evocar o psicólogo Carl Jung: se há um problema na sociedade, há um problema com o indivíduo; e se há um problema com o indivíduo, há um problema comigo. Sim, podemos ajudar a mudar o mundo mudando de hábitos e posturas pessoais. Um tema para 2024: como ser mais solidário e cooperativo e menos egoísta e indiferente?