Todos os olhares astrológicos estão voltados para o céu de Aquário, onde ocorrerá, nesta segunda-feira, a conjunção exata entre Júpiter e Saturno. Embora os dois maiores planetas do sistema solar se alinhem na mesma região celeste a cada 20 anos, desta vez estarão num ângulo tão estreito de proximidade como não se via há séculos. Juntando a raridade desse fenômeno com a chegada do Natal, já pipocam nas redes sociais textos chamando a conjunção de Estrela de Belém, identificando-a como o mítico astro que teria guiado os magos ao local do nascimento de Jesus. Por essa versão, a dita estrela do relato bíblico seria resultante de uma aproximação exata de Júpiter e Saturno, a ponto de formarem uma única luz. Sem querer sabotar a magia dessa leitura, devo dizer que ela não tem comprovação. É mais um símbolo de nossa ânsia por algum sinal que indique esperança e mudanças.
Desde o começo do cristianismo como religião instituída, astrólogos e historiadores tentam decifrar o enigma da suposta Estrela de Belém. Um cometa? Uma rara conjunção planetária? Sobreposição dos planetas às estrelas das constelações? Nunca houve consenso. Astrônomos e astrólogos, Kepler e Newton chegaram a especular que, sim, seria uma conjunção de Júpiter e Saturno, ocorrida no ano 7 a.C. Mas, naquela ocasião, o alinhamento dos astros não se deu de modo tão estreito a ponto de formar uma só luz. Os autores Chevalier e Gheerbrant afirmam que o fenômeno seria simbólico e psicológico, e não físico. Defendem que as observações do céu eram tão difundidas na época de Jesus, que qualquer aparição estranha teria sido registrada por fontes orientais e romanas. Mesmo nos evangelhos, somente Mateus cita a tal estrela.
Ainda que simbólica, ligada a Jesus como luz guia do mundo, a Estrela de Belém, pela antiga associação com um encontro de Júpiter e Saturno, confirma a importância sempre dada a essas conjunções. Elas sinalizam o emergir de novos paradigmas, que repercutem, a longo prazo, em sistemas mundanos, religiosos e psicológicos. O abraço mais próximo, neste dia 21, poderá ser avistado a olho nu por mais alguns dias, logo após o poente e nas imediações deste. Curiosamente, Aquário, por onde Júpiter e Saturno transitarão em 2021, é associado, no Tarô, ao arcano da Estrela, que evoca temas como esperanças e visões de futuro. Como a reforçar o tom de mudanças, a conjunção se dará no dia mais longo do ano, que marca o começo do verão no hemisfério sul. Enfim, virão luzes depois da grande noite de 2020.
Em todo este ano, Júpiter e Saturno estiveram muito próximos em Capricórnio, cada um formando conjunções exatas com Plutão, na sombria concentração planetária que coincidiu com a pandemia e tantas restrições. Agora, os dois gigantes saem de Capricórnio e se afastam de Plutão. Essa nova conjunção, enfim exata, e já em Aquário, é especial e até histórica. Demarca o fim de um ciclo de 200 anos em que os dois planetas se encontraram sucessivamente em signos do elemento terra – compondo uma era materialista – e passam, a partir de agora, a se encontrar, por dois séculos, sempre em signos de ar, iniciando uma era mais focada no homem e no social. Essa mudança de tema é chamada de Grande Mutação, a cujo limiar chegamos. O futuro impõe mudanças urgentes no mundo. É tempo de embates entre tradição e inovação. Tempo de lutas pela diversidade. E 2021 promete agitações radicais. Comento isso na próxima.