Hoje é 8/8/2024. Dito de outra forma, somando os numerais do ano, fica 8/8/8. Numerólogos piram. Dizem que o número oito representa renascimento e regeneração. Na Bíblia, dizem, representa recomeços. Davi, o oitavo filho de Jessé (e cujo nome da mãe o texto sagrado omite — mas a história revela: Nitzevet) —, foi escolhido rei de Israel para suceder Saul, o rei de coração corrompido. No final das contas, é seis por meia dúzia. Não um rei pelo outro, mas o oito na mesa de hoje.
No longínquo 8/8/1908, os irmãos Wright sobrevoaram Le Mans, na França, com um planador motorizado. Reza a lenda que esse teria sido o primeiro voo público dos aviadores norte-americanos. Contudo, justiça seja feita, ocorreu dois anos depois do voo público do brazuca Santos Dumont à bordo do 14 Bis.
Curiosamente, em 8/8/1929 ocorreu outro histórico voo. Neste dia, iniciava a volta ao mundo a bordo do dirigível alemão Graf Zeppelin (vem daí a inspiração do nome da banda de rock Led Zeppelin). O dirigível sobrevoou o mundo por 21 dias até voltar ao ponto de partida, a Estação Aeronaval de Lakehurst, nos Estados Unidos.
Mais uma vez, no simbólico 8 de agosto, que parece ter se tornado uma data importante para alguns dos mais curiosos eventos aéreos, ocorreu o primeiro voo do Convair B-36. Em 8/8/1946, a aeronave foi avistada saindo de um hangar, em Fort Worth, no Texas. De 1949 a 1959, de protótipos a inúmeras variações de modelos, foram fabricadas 385 aeronaves B-36, que carregavam armamentos convencionais e nucleares. Ironicamente, seu codinome não era beija-flor, como na música do ariano Cazuza. Seu codinome era Pacemaker. Ou seja Pacificador. Pacificador contra quem, carapálida?
O santo do dia é São Domingos de Gusmão. Católicos celebram neste 8/8 a vida do abençoado que foi canonizado pelo Papa Gregório IX, o 178º da santíssima linhagem (olha aí o 8/8, de novo). Contudo, São Gusmão não morreu no dia 8, mas em 6 de agosto de 1221, aos 51 anos. Deixando o 8 do mês de agosto de lado, fica 6/6/6. Na numerologia, o seis simboliza senso de humanidade, honestidade e fidelidade. Na Bíblia, a trinca de 6 é o número da besta (leia Apocalipse 13), mas agora não vem ao caso.
Fechando a fatura, meu pai morreu em 2008, aos 58 anos. Tomou uma rasteira de um perverso câncer que nem a mais cândida súplica encontrou redenção. Em 2024 (cuja soma dá 8), se os deuses e deusas do Olimpo permitirem, atravessarei a linha que separa os 48 dos 49 anos. Dito de outra forma, ficarei a nove anos de alcançar a barreira que meu pai não conseguiu transpor.
Domingo é dia dos pais (11/8/2024). O somatório dos numerais é 27 (ou seja 2+7= 9). Dizem, na numerologia, que o 9 é associado à sabedoria, visto que é o ápice do final de um ciclo que percorre do 1 ao 8. Sei lá, só sei que há 16 anos a saudade que sinto do meu pai é intermitente. E se eu continuasse a espremer os números, como diz o meu amigo e colega Ciro, eles me diriam o que eu quisesse.
Noves fora, seis por meia-dúzia, tanto faz. A eternidade é logo ali.
Até mais, pai.