Rochelle Costi, fotógrafa e artista plástica caxiense, morreu na tarde de sábado (26), aos 61 anos, em decorrência de um atropelamento na região do Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo. Por meio da sua arte ela valorizava objetos e instalações cotidianas sob um olhar próprio.
Em agosto deste ano, eu fui à casa da família da Rochele em Caxias do Sul, um oásis em meio ao caos urbano, pra entrevistá-la na companhia do meu colega, o fotógrafo Bruno Todeschini e de curadora da exposição que a Rochele estava produzindo pra trazer à Caxias, Silvana Boone.
A reportagem foi publicada no dia 9 de agosto e chamava a atenção para o fato de que esta era a primeira exposição dela em sua cidade natal, depois de expor em dezenas de países. Cito a seguir, o trecho final do texto e com uma lição da Rochele pra toda vida:
“Como a artista teve acesso a muitas casas e lares, ela acaba deixando vestígios, ora de afeto, ora de solitude, misturados a outros sentidos e sentimentos nas demais obras de sua carreira. Porque uma "casa" não exclui a verdade da outra, nem tampouco anula o sentido de permanência da outra. Para Rochelle, não há segredo:
— É só observar que as coisas acontecem muito espontaneamente. Estar atenta para o que poderia não existir ou poderia não estar acontecendo, atenta para o improvável.”
O improvável, contudo, nem sempre traz vida, por vezes traz a morte sagaz e sorrateira. Quis o destino que a morte a encontrasse quase às portas do Museu da Imagem e do Som, espaço que sempre acolheu seus múltiplos olhares e na rua, ambiente que sempre inspirou Rochele.
Sentiremos falta da sua doçura e do seu pensamento que nunca cessava, estava sempre ágil a conectar a vida por meio dos múltiplos olhares. A partir de sábado, sua obra será elevada a uma nova condição, a da eternidade.