Escrevo essa crônica na terça-feira (25) à noite, exatos cinco dias antes do resultado final da apuração das eleições 2022. Quem vence? Meu palpite? Arrisco dizer que será tenso, com um engajamento de audiência digno de final de Copa do Mundo, os sites de notícias vão superar a meta e vai faltar chá de camomila pra tranquilizar quem estiver acompanhando a divulgação dos votos, minuto a minuto.
De um lado do ringue, no corner esquerdo, o corinthiano Luiz Inácio Lula da Silva. Do outro, no canto direito, o palmeirense Jair Messias Bolsonaro. Lula, que é do signo de Escorpião, faz aniversário nesta quinta-feira (27) e completa 77 anos. Bolsonaro, por sua vez, é de Áries e tem 67 anos. Ou seja, há um intervalo de uma década entre eles. A julgar pelas narrativas possíveis, uns dizem que Lula tem mais maturidade, enquanto que outros atribuem a Bolsonaro mais vitalidade.
Tenho cá as minhas convicções e dentre elas a honra de sentar à mesa dos que defendem Bolsonaro ou dos que defendem Lula, bem como os que não reconhecem em nenhum deles atributo algum pra chefiarem o Brasil. Política nunca foi assunto proibido lá em casa, muito menos tratado apenas em período eleitoral. No entanto, ideias sempre foram respeitadas, bem como pontos de vista dissonantes e até mesmo argumentos conflitantes. E sempre olho no olho, cara a cara, sentados à mesa.
Atualmente, alguns se encorajam digitando fervorosamente e disparam torpedos, zaps e figurinhas pelas redes sociais. É um outro tempo, de gente que quer falar muito e dialogar pouco. Dialogar, segundo li no Dicionário Houaiss, significa, literalmente “opinar com alternância dos papéis de falante e ouvinte; conversar” e ainda “procurar entender-se com outra(s) pessoa(s) ou outro(s) grupo(s)”.
Aliás, Antônio Houaiss (1915 - 1999), o quinto de sete filhos de um casal de imigrantes libaneses, o “pai” do dicionário foi crítico literário, tradutor, enciclopedista, diplomata, e ministro da Cultura no governo Itamar Franco. Entre dezenas de livros publicados, ele organizou e elaborou duas das enciclopédias mais importantes já feitas no Brasil, a Delta-Larousse e a Mirador Internacional.
E quando eu era guri, que morava ali pelo Sanvitto, onde ainda tinha mais mato do que casas, o mundo estava impresso nas enciclopédias. Se o verbete não estivesse citado ali, por menor que fosse o texto, é porque o assunto não tinha relevância nenhuma. Não tinha Google, muito menos podcasters e youtubers tentando traduzir o mundo. Além das enciclopédias, meu pai assinava periódicos e jornais com diferentes enfoques e perfis, porque sempre aprendi com ele que o mundo não é uma bolha.
E, mais uma vez, serão os jornalistas a noticiar quem será o presidente do Brasil na próxima legislatura. Jornalistas mais ou menos engajados, pouco importa. A ferro e fogo, haverá sempre um repórter pra registrar a cena e dar ao fato a relevância merecida pra virar história.