A política econômica do governo Lula, de aumento dos gastos públicos, preocupa a Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul. Não à toa, cenários nacional e estadual estiveram na pauta da RA desta segunda-feira (4). Na abertura do encontro, Celestino Loro, presidente da CIC, manifestou apreensão com a ausência de restrições aos gastos governamentais.
— Experiências passadas mostram que pode ser prejudicial — destacou.
Para o economista-chefe do BV, Roberto Padovani, um dos convidados, o grande ponto de atenção é justamente o aumento da dívida pública em Brasília — no Rio Grande do Sul, o setor público também é uma preocupação, já que gasta muito com folha de pagamento, por exemplo, mas, por outro lado, tem um setor privado forte.
— O governo federal tem sinalizado uma trajetória clara de aumento da despesa pública e o desafio é se o governo vai conseguir receita suficiente para equilibrar essas despesas e ao final do dia trazer estabilidade da dívida pública, que é fundamental para equilibrar a economia — avaliou Padovani.
Projetos enviados recentemente ao Congresso, como de aumento da carga tributária e de tributação de lucros e dividendos, são formas de aumentar a receita, mas não são o bastante, segundo e o vice-presidente da Arko Advice, empresa de análise de conjuntura e estratégia de relações governamentais com sede em Brasília, Cristiano Noronha.
A reforma administrativa seria interessante neste sentido e o também palestrante lembrou que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), defende a medida.
— Simone Tebet (ministra do Planejamento e Orçamento) já disse que não tem espaço na agenda neste ano. Eventualmente, no próximo ano pode entrar na pauta do Congresso e com isso o governo mandar um recado para os investidores. Não que o governo queira fazer, mas pode ser pressionado a fazer — analisou.
PIB
O resultado positivo do Produto Interno Bruto também foi assunto. O PIB avançou 0,9% no período, na comparação com os primeiros três meses do ano, bem acima da mediana de 0,3% projetada pelo mercado. Na comparação com o mesmo trimestre de 2022, a alta foi de 3,4%.
Para Padovani, o que mais chama a atenção é o fato de os economistas terem errado por quatro anos nas projeções.
— Isso mostra, por um lado, estímulos de curto prazo, desempenho do agronegócio, mas mostra também que a economia brasileira avançou muito nos últimos anos em termos de reforma, se tornou mais robusta e, portanto, consegue navegar bem no ambiente global adverso. O PIB explica muito do que fizemos nos últimos anos, de aumentar a produtividade e aumentar a robustez — avaliou.