Pintora, professora e designer, Renata Silva Medeiros transformou um impulso infantil em profissão, tendo como inspiração as cores vibrantes do Brasil e as formas libertadoras de Pablo Picasso. Natural de Santiago, ela é radicada caxiense desde 2011, onde construiu um lar ao lado do marido, Maurício de Barros, e dos filhos Marina Medeiros de Barros, de 9 anos, e Lorenzo de Barros, de 15.
— O bom da vida são os pequenos detalhes do dia a dia. É trabalhar com o que ama, estar com quem se ama, ter uma casa acolhedora e uma família divertida. É estar presente de coração leve e mente positiva — afirma a filha de Antonio Renato Pereira Medeiros e Maria Zoraide Silva Medeiros, sintetizando a filosofia que orienta sua obra — Lembro de mim mesma desenhando na escola, nos cadernos dos colegas, até atrás das provas! Foi uma infância alegre e despreocupada, brincando na calçada até tarde com meus irmãos, Rodrigo e Eduardo. Sempre fomos divertidos e barulhentos juntos. Tivemos muito conforto e muito carinho sempre — conta, rindo. A paixão foi crescendo e se tornou um caminho inevitável.
Formada em Desenho Industrial pela UFSM em 1998 e pós-graduada pela UCS em 2010, Renata acumulou experiência como professora nos cursos de Design Gráfico e de Produto na UCS, entre 2009 e 2011, e de Design na Uniftec, de 2011 a 2017. Atualmente, além de lecionar Artes e Processos Criativos na Polyuni e Desenho na Caminho Rede de Ensino, dedica-se à pintura e ao muralismo — O momento mais transformador foi sair do computador e abraçar os pincéis. Mergulhei no sonho de ser pintora, sem plano B. Foi um voo cego, mas necessário. Não dá pra dividir foco quando se quer algo com urgência — relembra.
A transição para a pintura em grande escala também foi marcante — Um amigo me pediu para pintar um mural na casa dele. Nunca tinha feito algo assim, mas aceitei. Aquilo destravou algo em mim. Percebi que era possível — relata. Desde então, os murais e as grandes telas se tornaram parte essencial de sua produção artística, sempre repletos de cores vivas e temas naturais com afinidade por galos, peixes, uvas e jardins.
— A intuição é a voz do criador. Deus fala no silêncio, e eu apenas sigo. Quando estou pintando, é como se eu entrasse em transe. Planejo, mas na hora, deixo acontecer. É um ritual, minha prática espiritual — explica.
Renata busca inspiração tanto na arte brasileira quanto em nomes icônicos como Picasso, que ela descreve com fervor — A obra dele é tão selvagem, tão sem lei ou ordem, que arrepia. Sou obcecada por ele. Um dia, quero riscar a tela com a mesma liberdade — confessa.
Sobre o impacto de sua arte, ela é enfática: — Um simples corredor vira um ponto de referência quando recebe um quadro ou mural. Nada fica como antes. A beleza cura. Meu trabalho é pelo belo. Ele tem um papel no espaço, modifica, eleva, traz luz.
Enquanto guia seus pincéis pelas telas e murais de Caxias, Renata planeja expandir seus horizontes para o mundo — Sinto o cheiro e o sabor do meu destino e isso lota o meu coração de ganas e esperança de passar a vida fazendo o que eu vim pra fazer.
Com um estilo que mistura o barroco com pitadas de art nouveau e um toque de surrealismo, Renata define sua trajetória como um sacerdócio — Eu não escolhi fazer arte; a arte me escolheu. E, graças a Deus, ela me escolhe todos os dias.
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Nas cores de Renata
- Um momento de que me orgulho: ter me virado sozinha para cuidar da minha criança quando nasceu.
- Gostaria de ter sabido antes... que é mais fácil realizar grandes feitos deixando a força pessoal totalmente na energia de Deus.
- Um sonho... soltar minha pincelada com displicência e irregularidade.
- Um beijo para: o Mauricio, que me apoia sem questionar e vive oprimido entre tintas, telas e escadas e não se queixa nunca.
- Um abraço para: os meus pais e irmãos que estão longe dos olhos, mas dentro do coração.
- E um aperto de mão para: meu próximo cliente, que venham muitos!