Para ilustrar o Dia do Idoso celebrado, neste sábado, 1° de outubro, a coluna elegeu a psicóloga Márcia Dip, 54 anos, para uma conversa aberta sobre o tema. A caxiense, filha de Hermes José Dip e Arlinda Borowisky Dip (in memoriam) é profissional de destaque na área com atualizações em Gerontologia e Gestalt Terapia, visando uma abordagem mais humanizada.
Especialista formada pela Universidade de Caxias do Sul, Márcia é apaixonada pelo trabalho que exerce, mas não só isso, em sua vida pessoal, se descreve uma persona sensível e atenta ao mundo que a cerca. Entre as melhores lembranças da infância ela não hesita em saudar os bons momentos em família, quando estava sempre próxima a seus pais, e o aroma de café passado.
- A psicologia está em mim, naturalmente. Estudo sempre, é gratificante encontrar o prazer do autoconhecimento. Psicologia não se mantém sobre conceitos, precisa ser vivenciada. As dores me tornam mais humana, sendo mais humana, melhor profissional me sinto - conta a ariana nata que não desiste de seus objetivos.
Em seu consultório, Márcia conduz os pacientes a despirem-se de preconceitos como, por exemplo, o etarismo. Ao atender grupos de adultos com 50 ou mais anos, procura criar uma atmosfera tranquila e, para tal, a gata Valentina entra em cena com a intenção de se conectar muito além da linguagem verbal. Outros encontros promovidos por Márcia contemplam intervenções que estimulem vínculos afetivos, autocuidado e autonomia.
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Para ilustrar o assunto, Márcia discorreu sobre cinco questões acerca da terceira idade:
Como garantir a qualidade de vida na terceira idade? Percebendo que ela não está longe, inicia quando nascemos. A maneira como conduzimos nossas vidas, cuidamos da nossa saúde física, psíquica, espiritual e social será determinante no processo de envelhecimento. Com maturidade emocional, maximizamos as chances de fazer boas escolhas na vida, desenvolvemos a habilidade de resiliência e desfrutamos do tempo com sabedoria e menos desperdício.
Muitas famílias optam por cuidar dos idosos em Instituições de Longa Permanência (ILPIs). Como isso pode afetar a saúde mental do idoso? Vários aspectos podem ser observados nesta questão, às vezes o idoso está muito debilitado e a família não consegue suprir esta demanda, em outras situações, o idoso quer residir em uma ILPI para não “dar trabalho”, em outros casos, sentem-se muito isolados e, nas ILPIs, farão amizades, participarão de eventos, atividades e voltam a conviver, nestes casos é fundamental que a escolha da ILPI seja criteriosa, minuciosa e realizada com muita parcimônia. A saúde mental do idoso poderá ser afetada se ele se sentir abandonado, ludibriado, não se adaptar, contrariado; essas reações devem ser observadas e acompanhadas para que cheguem a melhor resolução.
Fale a respeito da função social do idoso na sociedade: aos 60 anos somos idosos no Brasil. A função social de um indivíduo está em pleno vigor, sua maturidade emocional atingiu o auge. Durante os dois anos da pandemia, aproximadamente 85% dos lares brasileiros foram sustentados por idosos.
E sobre as atividades direcionadas a este público? Qualquer produto direcionado para o público idoso cresce exponencialmente. Os idosos são clientes maravilhosos, somos maioria no mercado, porém exigentes.
O que fazer para que a população jovem tenha consciência de que também envelhece? A convivência respeitosa na família, escola, comunidade é o primeiro passo. Aprender a escutar as histórias de vida com interesse e curiosidade genuínos. Compreender que estamos vivendo uma “blindagem emocional" e nos esvaziando daquilo que é essencial. Considero importante os mais jovens se aproximarem dos mais velhos e vice-versa, a oportunidade de trocar experiências é única e transformadora em qualquer etapa da vida.
Três pensadores que inspiram Márcia:
- Frederick Perls;
- Carl Jung;
- Viktor Frankl, sobre este, cita uma importante frase a ser sempre lembrada: “Converter nosso sofrimento numa conquista humana”.