A vida é um banquete para desfrutar!
A publicitária Patricia Ruaro Bercht, filha de Wolmar João Ruaro e Maria Helena “Nena” Zaniol Ruaro (in memoriam), transformou sua jornada profissional e criativa e trocou a publicidade pelo universo do feito à mão com o projeto Mesa Mia, uma proposta de decoração personalizada para mesas e tudo o que envolve as celebrações ao redor dela. Casada com o empresário Ricardo Bercht, é mãe de Domenica Ruaro Bercht e tem duas enteadas, Mariana e Rafaela Bercht. Formada em Publicidade e Propaganda pela PUC-RS e pós-graduada em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, Patrícia também possui especialização em Consultoria de Moda e Estilo pela Ecole Française de Moda.
O que é o bom da vida? É estar com quem se ama.
Qual sua lembrança mais afetiva de sua história com Caxias do Sul? São muitas, o tempo no Colégio São José e as amigas que fiz por lá. O debut que era fortíssimo naquela época e me trouxe as melhores amigas. O Juvenil, meu clube do coração e claro a Studio Uno Propaganda, que estive a frente por longo período e marcou parte da minha vida profissional, fiz grandes clientes e muitos amigos.
Qual a passagem mais importante da tua biografia e que título teria se fosse publicada? Acredito que foi levar meu conhecimento de criação para o desenvolvimento de produtos, um desafio e tanto. Fiquei muito motivada e produzi coleções lindas para louças de mesa da Vista Alegre Portugal. O título poderia ser: “Se a vida é um banquete, vamos desfrutar!”
Qual é a sua história com o feito à mão, como começou e por que decidiu seguir por esse caminho? Sempre gostei de, literalmente, colocar a mão na massa e nunca tive medo de arriscar, como dizia meu falecido pai, “o máximo que tu vais ouvir é um não”. Passei algum tempo longe do que mais gosto de fazer, usar a minha criatividade, estive focada em vender, trabalhei algum tempo com moda feminina, que também adoro, mas sentia que ainda tinha algo especial para mim, segui, tive perdas inesperadas pelo caminho, minha amada mãe partiu, meu chão se abriu e em alguns momentos me senti perdida. Então, um belo dia, me ocorreu unir minhas paixões: a comida e a mesa. Estes que, em casa de italianos, envolvem toda a família e uma boa parte do tempo, são o cenário onde tudo vai se desenrolar. Nasceu aí a Mesa Mia, que tem o propósito de levar o carinho e a atenção aos detalhes daqueles momentos que considero os mais importantes do dia, as refeições. Uma mesa bonita tem o poder de valorizar o sabor do alimento, tem o gesto de carinho em cada guardanapo, tem a liberdade de passar sentimentos em cores e tecidos. Isso verdadeiramente me encanta.
Como é o processo de desenvolvimento de uma peça? A criação ocorre de diversas maneiras, seja por pesquisas de marcas internacionais, para referência de padrão e cores, seja pela própria gastronomia onde nascem as coleções temáticas, ou aquela inspiração pelas texturas. O bom é que não existe uma fórmula para isso, é o legal deste processo, muitas coisas vão acontecendo ao longo do caminho até finalizar o produto.
Quais são as habilidades fundamentais para o artesão na cena atual? Conhecer o seu propósito e o seu produto, amar o que se faz e passar esses valores na venda. É fundamental saber apresentar o seu trabalho ao seu cliente.
Quais são suas influências e inspirações? Como isso se reflete no seu dia a dia? Muito da minha influência veio do meu trabalho com a Vista Alegre, uma das maiores empresas do mundo em porcelana. Desde lá, nunca mais consegui olhar para uma mesa sem questionar, mudar, inventar e reinventar. Vestir uma mesa é o mesmo processo que vestir uma roupa, às vezes a gente começa pelo sapato (risos), o bom do processo de criar é isso, começar pelo que te toca no momento, se botou o olho no castiçal, vamos lá, começa a mesa por ele e vai preenchendo a sua volta de forma harmônica.
O que faz para se manter atualizada? Pesquiso sempre, busco materiais e tecidos alternativos, tenho atenção por onde passo. A inspiração vem quando a gente menos a espera.
Qual a importância além da sustentabilidade nesse meio? Se reinventar, vejo muita gente que como eu busca ser feliz fazendo o que gosta, isso já é metade do caminho para o sucesso.
Qual o maior desafio para quem desenvolve design autoral e em pequena escala? Agregar valor. A exclusividade tem seu preço e precisamos saber nos diferenciar diante dos grandes concorrentes.
Quais os seus trabalhos ou projetos preferidos? Amo as coleções com temas marítimos. O mar me inspira, as conchas e as cores. Agora estou focada no inverno, amo os veludos. Adoro misturar e crio peças, como por exemplo porta guardanapos, combinando diversos materiais.
Qual sua dica para quem deseja se manter criativo durante a pandemia? Inventar sem medo, essa semana mesmo, para descontrair, fiz velas e chocolates, com um pouco de paciência criamos coisas lindas. Gosto de passear pela casa e olhar o que fiz, seja trocar móveis de lugar ou acender minha própria vela.
O que tem feito para impactar as pessoas de maneira positiva? Incentivo os valores de família, esses são eternos, passam de geração em geração.
Um hábito que não abre mão? Minha taça de vinho, para relaxar em dias ruins e para comemorar nos bons.
Quais são os seus planos para o futuro? Expandir meu ateliê com todo o charme e elegância que merece. Fazer projetos ainda mais personalizados e ministrar cursos de mesa posta. Adoro atender de forma virtual também, minhas clientes mandam fotos de itens que têm e ajudo a fazer a mesa a distância, complemento com as criações da Mesa Mia, claro.
A melhor invenção da humanidade? A internet, nos permite viajar sem sair do lugar.
Uma falta: minha mãe Nena, se estivesse aqui, estaria comigo neste projeto.
Qual a palavra mais bonita da língua portuguesa? Amor.
Reflexão de cabeceira? Quando se emana amor o que volta tem outro sabor.
Uma palavra-chave: gratidão.