Gilmar Marcílio
A noção de família tem se expandido nestes tempos de ricas e variadas possibilidades amorosas. Conservadores olham com estranhamento para qualquer modelo diverso da tradicional e arcaica concepção: pai, mãe e filhos. Gostemos ou não, esses novos ares se apresentam bastante saudáveis, por assim dizer. As pessoas estão formando núcleos de convivência até há pouco recebidos com desconfiança. Percebe-se muita resistência em aceitar padrões inéditos, ainda mais se eles escapam da noção heterossexual de comportamento. Creio, como busca de sabedoria, ser preciso acolher e assimilar com generosidade o que a vida coloca à nossa frente. Lembrando: normas são convenções e podem ser reformuladas. Aliás, devem, sob o risco de fazermos parte de um grupo social estanque, não admitindo a mobilidade. Temos dificuldade em romper padrões sedimentados. É mais fácil repetir a inaugurar um amplo olhar, pois isso exige o revisionismo de conceitos classificados como universais. Num viés histórico, encontramos culturas que experimentaram maneiras múltiplas de se relacionar e nos deixaram um legado de tolerância e coragem. A despeito de toda a evolução acelerada pelo avanço do universo digital, alguns permanecem com o pensamento na idade medieval. Porém, já percebemos rupturas e uma admirável pluralidade em relação a esse tema.
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