Continuo acreditando que a melhor maneira de viver é aquela na qual posso estender o meu braço e alcançar o outro. Sentir o calor da pele. Tocar. Porém, por mais que eu resista a estar inserido no universo virtual, não há como ficar totalmente abstraído. Até porque os amigos, com suas onipresentes redes sociais e aplicativos, quase inviabilizam os contatos que desejamos manter com eles. Tudo o que interessa passa pela pequena tela luminosa. E o que não interessa também. Ao longo das últimas semanas, refleti profundamente sobre essa questão e resolvi capitular discretamente, sem abrir mão do que é importante para mim. Ninguém gosta de ser taxado de alienado, e para que isso não aconteça, flexibilizar o pensamento pode ser um bom caminho. Você não me verá postando algo que se refira à minha vida particular. Mantenho-me reservado e creio que o que acontece no âmbito doméstico nele deve permanecer. Quem aprecia divulgar onde está tomando um café ou o prato de comida que saboreia, que o faça. Não me inclino a isso. Declarações de amor e amizade só deveriam dizer respeito a quem as experimenta. Dispenso ter que angariar testemunhas para descobrir o valor de tudo o que me cerca. A arte, a filosofia e as boas conversas cumprem perfeitamente este papel.
Opinião
Gilmar Marcílio: real vida virtual
"Tudo o que me alimenta pode ser encontrado através dos sentidos"
Gilmar Marcílio
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