O prefeito Adiló Didomenico (PSDB), na disputa pela reeleição à prefeitura de Caxias do Sul, obteve em primeiro turno 27,5% dos votos válidos. Foram 64.537 votos, ou 24.723 votos a menos do que Maurício Scalco (PL). Foi um percentual acanhado sobre os votos válidos. Se considerados os votantes totais, incluindo-se os votos em branco e nulos, o percentual cai para 24,83%. Significa que, dos votantes em primeiro turno, Adiló ficou com um a cada quatro votos. O índice diminui ainda mais se considerado o eleitorado caxiense, as 347.184 pessoas aptas ao voto. Então, o percentual dos votos destinados a Adiló recua para 18,5%.
Ao longo da campanha em segundo turno, Scalco bateu na tecla de que a maioria dos eleitores queria mudança, isto é, votou em branco, anulou o voto ou votou nos outros três candidatos: além de Scalco, Felipe Gremelmaier (MDB) e Denise Pessôa (PT). Foram três em cada quatro votantes que queriam mudança na prefeitura. Sem falar no exército de eleitores que não foi votar. A leitura de Scalco estava correta. Foi isso mesmo em primeiro turno. Então, como Adiló saiu vencedor em segundo turno?
O atual prefeito, em seu primeiro dia como prefeito reeleito, disse em entrevistas que a vitória deve-se ao reconhecimento por parte do eleitor. Em parte, claro que houve esse reconhecimento. Foram 64 mil eleitores que reconheceram mérito no prefeito em primeiro turno, o que significa 55% dos eleitores que votaram em Adiló no segundo turno. Mas a outra fatia, dos 45% que foram acrescidos, é que decidiu a eleição. E, fundamentalmente, a vitória chegou menos pela aprovação da gestão de Adiló – um eleitor em cada quatro votantes no primeiro turno aprovaram o governo – e bem mais por uma circunstância política muito especial. A chapa adversária sempre foi alinhadíssima com a direita bolsonarista raiz, tendo, por exemplo, o deputado federal Mauricio Marcon (Podemos) na trincheira em defesa da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023 em Brasília, o que demarca o perfil ideológico da frente de direita em torno de Scalco.
Assim, Adiló obteve apoio crítico de partidos de esquerda “para derrotar a extrema-direita”, indicou o PT por sua executiva. A transferência de votos foi bem-sucedida e ajudou a levar Adiló à vitória. O prefeito reeleito obteve 52.193 votos a mais em segundo turno. Essa foi a razão central da vitória de Adiló na eleição de domingo.
Ações de governo e prefeito-tatu
Adiló teve boas ações e lacunas eloquentes no primeiro mandato. Uma série de projetos teve largada, mas eles ficaram para o segundo governo, razão pela qual Scalco apontava que a “entrega” de Adiló foi pequena.
A campanha do tucano foi bem encaminhada. Ponto para Neri, o Carteiro e para Grégora Fortuna dos Passos, os coordenadores, e para a propaganda eleitoral. Destaque especial para o aproveitamento em campanha da caracterização do “prefeito-tatu” (na foto acima, com Adiló e Néspolo), que ganhou até jingle e totem, abrindo espaço ao lúdico. Tudo isso ajudou. Mas o fator principal foi político, que entregou a Adiló uma montanha de votos que conseguiram, barrar o caminho da aliança de direita até a prefeitura.