No debate de terça-feira (18/10) na Federasul, em Porto Alegre, entre os candidatos ao governo do Rio Grande do Sul, as citações e menções do candidato Onyx Lorenzoni (PL) transitaram de Deus ao diabo. Ao justificar que desta vez, diferentemente do debate na Rádio Gaúcha, apertou a mão de seu oponente, Eduardo Leite (PSDB), Onyx justificou:
– O Deus que eu sirvo ensina a perdoar.
No calor do debate, ao criticar Leite por “não tomar lado” na disputa à Presidência, Onyx desferiu:
– O dono do muro é o diabo.
Agora surgiu um vídeo do padre José Mussoi, de Nova Pádua, em que ataca eleitores do PT. Como se vê, mais do que todas as outras, essa é uma eleição que se misturou com a religião sem a menor cerimônia. O candidato à Presidência Jair Bolsonaro bateu ponto este mês nas celebrações católicas do Círio de Nazaré, em Belém, e de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida do Norte. Foi criticado por bispos católicos, mas não perdeu pontos em pesquisas, inclusive entre católicos.
Já o candidato Luiz Inácio Lula da Silva, na quarta-feira passada (19/10), divulgou carta aos evangélicos, em que, centralmente, prega a liberdade religiosa, mas tomou a atitude para marcar sua posição, oferecer esclarecimentos a um segmento que apoia Bolsonaro majoritariamente e, assim, tentar desmontar a fake news que circulou avidamente de que fecharia igrejas. Nas mesmas sondagens de intenção voto, Lula tem a preferência entre católicos.
Esta tem sido, como tem se apregoado no horário eleitoral, uma eleição “do bem e do mal”. Não deveria ser assim, até porque cada lado tem sua visão de bem e de mal. Esse enfoque não deveria entrar na jogada, mas entra forte. Pessoas idôneas, próximas, até na mesma família, apoiam candidatos diferentes, e não há sentido carimbá-las: essa é “do bem”, aquela é “do mal”.
Essa, como qualquer eleição, deveria ser uma eleição de propostas e de convívio civilizado entre os diferentes. Mas está marcada como a eleição “do bem e do mal”.