Quatro vereadores votaram contra o projeto Julho das Pretas, da vereadora Estela Balardin (PT), aprovado na sessão desta quinta-feira na Câmara de Caxias. Foram eles Mauricio Marcon (Podemos), Adriano Bressan (PTB), Alexandre Bortoluz (PP) e Sandro Fantinel (Patriota). O projeto busca desenvolver campanhas e ações para evidenciar o protagonismo das mulheres negras. Em linhas gerais, o argumento dos contrários é que todas as pessoas são iguais.
– Não faz sentido nós segregarmos seres humanos pela cor da pele. Como eu votaria contra caso viesse o Agosto das Brancas, eu voto contra o Julho das Pretas – defendeu Marcon.
O vereador Marcon foi quase o porta-voz do grupo, quem mais se manifestou. Sandro Fantinel também falou. Já Bortoluz e Bressan não se manifestaram.
"Não adianta tapar o sol com a peneira"
Já os 16 vereadores que votaram a favor do projeto pautaram sua argumentação na compreensão de que a discriminação existe, sim, e de que programações como o Julho das Pretas ajudam a falar mais sobre o assunto. A manifestação da vereadora Gladis Frizzo (MDB) foi cirúrgica:
– Não adianta tapar o sol com a peneira. Nós somos um país racista, um país machista. E quanto mais nós falarmos sobre o assunto, nós vamos conseguir melhorar as vida das pessoas. Nós precisamos debate e falar mais.
Votaram a favor do projeto os vereadores Estela Balardin (PT), Gladis Frizzo (MDB), Felipe Gremelmaier (MDB), Lucas Caregnato (PT), Tatiane Frizzo (PSDB), Marisol Santos (PSDB), Olmir Cadore (PSDB), Zé Dambrós (PSB), Wagner Petrini (PSB), Gilfredo De Camillis (PSB), Clóvis Xuxa (PTB), Velocino Uez (PTB), Renato Oliveira (PCdoB), Ricardo Daneluz (PDT), Juliano Valim (PSD) e Elisandro Fiuza (Republicanos). Os vereadores Rafael Bueno (PDT) e Maurício Scalco (Novo) foram computados ausentes da votação. A vereadora Denise Pessôa (PT), como presidente, não vota.
"Existe, sim, preconceito. Ninguém é bobo"
O argumento de que todos são iguais desconsidera a realidade nacional, em que a discriminação e o preconceito são estruturais e reduzem ainda mais as oportunidades, já desiguais na origem. Desconsidera também o espaço de reforço a demandas identitárias, em que as comunidades reforçam vínculos e propósitos, e somam forças para as lutas específicas. Pautas como o Julho das Pretas são ações afirmativas, portanto, e contribuem com informação e debate para a transformação de cenários de desigualdades.
Ainda bem, essas evidências foram percebidas por 16 vereadores.
– Existe sim, preconceito. Ninguém é bobo. É pra isso que voto favorável. Pra discutir mais – disse Velocino Uez (PTB).