Foi uma das maiores manifestações de massa em Caxias do Sul o tratoraço em apoio ao presidente Jair Bolsonaro na tarde desta terça-feira, feriado de Sete de Setembro, que percorreu trajeto desde o distrito de Fazenda Souza até a Rua Feijó Júnior e retornou pela Sinimbu, até a Praça Dante. Caxias do Sul e a Serra são uma região amplamente bolsonarista, como atestaram os percentuais das últimas eleições para presidente. Nem a forte chuva do feriado desestimulou os apoiadores. É um indicativo importante de aceitação entre a população caxiense e da Serra. E como não poderia deixar de ser, o Supremo Tribunal Federal (STF) foi alvo preferencial nos atos em Caxias (na foto abaixo).
Porém, mesmo com a repetição das mobilizações de massa nesta terça-feira nas maiores cidades, os percentuais daqui da Serra não se repetem da mesma forma em boa parte do país. Por aqui, o volume da manifestação tem uma fidelidade maior na representação dos apoiadores de Bolsonaro.
O presidente vem esticando a corda em seus discursos, tendo como alvo central o Supremo. Ele enfatiza que trata-se de "uma ou duas pessoas", referência feita aos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, esse último, também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas não é possível separar a atuação dos dois das instituições que integram. Portanto, o alvo acaba sendo o Poder Judiciário. Foi assim de novo em Brasília nesta terça pela manhã e repetiu-se à tarde na Avenida Paulista.
— Nós não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos Três Poderes continue barbarizando nossa população. Ou o chefe desse poder enquadra o seu ou esse poder vai sofrer aquilo que não queremos.
Em São Paulo, Bolsonaro foi mais longe. A cada discurso, dá um passo além:
— Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá (decisões de Moraes). (...) (Quero) Dizer àqueles que querem me tornar inelegível em Brasília: Só Deus me tira de lá. Dizer aos canalhas que eu nunca serei preso — disse.
Ocorre que as decisões que desconfortam Bolsonaro não são de Moraes. São do Supremo e do Poder Judiciário. O presidente está correndo risco sério de esticar demais a corda e perder mais sustentação política. Mesmo com as mobilizações de massa da terça-feira.