As comunidades caxiense e do Instituto Estadual de Educação Cristóvão de Mendoza sofreram nesta segunda-feira (18) um duro revés: a confirmação pelo secretário da Educação do Estado, Faisal Karam, em visita à escola, sobre a inevitável perda de mais de R$ 29 milhões do empréstimo obtido com o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird, o Banco Mundial). A perda inexorável é efeito da demora nos procedimentos burocráticos para a licitação, que só recentemente foi aberta, e dos decretos de contenção de gastos assinados pelo governador Eduardo Leite no início de seu mandato, em janeiro.
Karam diz que o Estado não terá mais recursos neste montante do empréstimo do Bird para investir e que, "dentro da realidade do governo", será discutido internamente o que é prioridade. Sabemos bem qual é a realidade do governo. Acenou com a busca de recursos via Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, o FNDE. Quer dizer: este é o caminho habitual — e demorado demais — a ser percorrido.
O empréstimo obtido é caminho perdido. Nem o próprio secretário acredita em uma prorrogação de prazo para obter os recursos do Bird. O Cristóvão sofre com rachaduras, goteiras, deterioração da pintura, da estrutura física. O auditório está interditado. A comunidade reivindica obras desde 2012. Já houve ocupação, promessas, novas promessas e até um acordo com o Ministério Público, que envolve o Estado. Prestes a vencer o prazo, o governo vem dizer que não fará mais as obras de recuperação esperadas, como elas estavam previstas e com a profundidade que foi acenada. É indigno com o Cristóvão e sua comunidade. O Estado deveria lutar até o fim pela verba de R$ 29 milhões ou oferecer alternativas. Era o que se esperava da visita do secretário da Educação.
A comunidade deve cobrar fortemente do Estado pelas obras de recuperação do Cristóvão. O governador Eduardo Leite vem a Caxias do Sul nesta sexta-feira (22). Participa de um café da manhã na CIC e da abertura oficial da Festa da Uva. Ele deve ser convencido a abrir espaço na agenda e visitar a escola. Nem que seja por respeito e uma satisfação oficial às comunidades escolar e de Caxias do Sul.
Poucos vereadores
Os três deputados estaduais caxienses — Neri, O Carteiro (Solidariedade), Pepe Vargas (PT) e Carlos Búrigo (MDB) — acompanharam a visita do secretário da Educação, Faisal Karam, ao Cristóvão. Alguns vereadores também participaram, pelo menos três: Paula Ioris (PSDB), Paulo Périco (MDB), Tatiane Frizzo (Solidariedade). Foi numericamente muito fraca a presença de vereadores. Tinha de haver mais parlamentares para cobrar do secretário da Educação uma obra que está se perdendo.
Pepe ainda destacou que é fundamental "que o Bird renove os prazos". Cobra uma última cartada, mas o governo pouco acredita.
Lembrar o secretário
Karam repassou os caminhos possíveis e bastou. Sentiu-se falta de quem fizesse uma contextualização a ele sobre o caminho já percorrido pela comunidade escolar.
Não surtiu muito efeito a presença dos representantes políticos. O secretário foi embora e ficaram a sensação e a tendência de que as obras de restauração do Cristóvão ainda vão demorar, se enredar na burocracia e — voltando muitas casas atrás — na falta de recursos.
Apropriação e efetividade
O presidente da Comissão de Educação da Câmara, Edson da Rosa (MDB), conversou com o secretário Faisal Kairam pela tarde, em reunião na Câmara da qual também participaram a secretária municipal de Educação, Marina Matiello, e as vereadoras Paula Ioris (PSDB) e Gládis Frizzo (MDB).
Sobre o Cristóvão, Edson destacou ao secretário que a escola caxiense "tem uma estrutura física maior que o Julinho (Colégio Estadual Júlio de Castilhos, de Porto Alegre):
— Enfatizei que ele tenha a apropriação da situação do Cristóvão. E também que nós precisamos ter efetividade.
Leia também
UAB de Caxias se posiciona sobre projeto que retira passe-livre dos ônibus
"Projeto se reelegeu", aponta deputado estadual Carlos Búrigo
Presidente do PDT em Caxias pede que vereador repense projeto que propõe revogar passe livre