Ao adentrar na sede administrativa do Grupo Famiglia Valduga, no Vale dos Vinhedos em Bento Gonçalves, o número de marcas estampadas na entrada mostra as várias frentes de atuação da companhia, que vai expandir ainda mais. Além das várias marcas que possui, como Casa Valduga, Casa Madeira, Brewine Leopoldina, Ponto Nero, Domno Wines e Vinotage, a companhia vem investindo em chocolates, cafés, massas e vai ter uma vinagreria. Conhecendo um pouco mais da história de seu fundador, Juarez Valduga, dá para entender melhor porque os negócios se espraiam por várias vertentes. É que o colono bem sucedido, como ele mesmo gosta de se definir, não perde uma oportunidade.
Bastou ele colocar o olho pela primeira vez no Château Lacave de Caxias do Sul para inspirá-lo a criar o seu próprio império, até mesmo com a obra arquitetônica da vinícola Casa Valduga inspirada no estilo medieval da vinícola caxiense, inaugurada na década de 1970 pelo uruguaio Juan Carrau. Quem diria que o mesmo jovem que foi até o Château Lacave tentar vender seus primeiros dois mil litros de vinho produzidos, décadas depois, arremataria em leilão, com um grupo de investidores, o castelo?
– O Carrau declinou da compra em virtude que aquela quantidade era muito pouca para ele. E, de fato, era. Mas era tudo que eu tinha. Esse não foi o empurrãozinho para eu começar a engarrafar – relembra Valduga.
Para isso, foi inovador, até porque era a única alternativa que tinha, sem recursos e sem clientes até então:
– Lembro da mãe usar a chaleira de água quente para esquentar a rolha que eu conseguia emprestada do meu tio. E fizemos, praticamente, uma máquina artesanal de colocar rolhas, feita de taquara.
Mas não bastava apostar em um novo produto, precisava criar também uma nova forma de vender. E foi assim que passou a promover jantares à luz de velas para promover o seu vinho. A necessidade o fez ser criativo.
– Era à luz de velas porque, naquela época, meus vinhos eram turvos e, assim, ninguém percebia – confessa.
Valduga relembra as dificuldades que passou justamente neste momento em que assume o castelo onde só foi entrar, pela primeira vez, após a compra. Na ocasião em que não conseguiu vender seus vinhos, pediu se podia pelo menos conhecer o Château, mas o dono disse que estava com muitos afazeres naquele dia para conduzi-lo em uma visita e pediu para que retornasse em outra ocasião. Demorou para ele entrar no interior do LaCave mas, atualmente, Valduga frequenta quase semanalmente o local para acompanhar de perto a implementação do projeto turístico que pretende inaugurar na metade do ano que vem.
A intenção é que o Château mostre todo o encantamento de um castelo que oferecerá as mais diversas experiências relacionadas ao grupo Valduga, desde o processo de fabricação de vinhos ao de massas. A ideia é que seja um grande showroom das marcas administradas pela família.