Geada no inverno é um fenômeno bastante esperado. O que ocorre neste ano é que as baixas temperaturas começaram ainda no outono e julho teve um calor atípico. Este comportamento de clima adiantou a brotação de muitas plantas na região da Serra e, no caso das frutas de caroço, os riscos de uma geada forte são ainda maiores, principalmente para variedades mais precoces de pêssegos, que já estão com frutos formados.
— E no pêssego, se a geada chega a congelar o tecido, não tem mais volta. É diferente da uva que ainda está com brotinhos e se ele é atingido ainda tem gemas que podem rebrotar — compara o agrônomo da Emater, Luciano Ilha.
A intensidade do fenômeno é outro fator decisivo. Na sexta-feira, algumas localidades da Serra chegaram a ter geada, mas foi menor do que se imaginava, segundo o presidente do Sindicato dos Agricultores Familiares de Farroupilha. Márcio Ferrari tem propriedade na linha Alencastro, às margens da RS-453, que é um dos piores microclimas para geada, segundo o agricultor.
— Mas ainda tem risco neste final de semana e não estão descartados prejuízos. Tem algumas parreiras mais adiantadas, mas o grande medo é dos produtores de frutas de caroço — destaca Ferrari.
O técnico da Emater também explica que o potencial destrutivo da geada para os pomares não está relacionado somente com as temperaturas abaixo de zero, mas ainda com o tempo de exposição.
— Se for uma horinha abaixo de zero é uma coisa. Agora se for uma noite toda é outra — exemplifica.
Como nem todos produtores têm mecanismos de proteção contra o fenômeno climático, quando há previsão de frio intenso, como neste fim de semana, há quem busque algumas medidas provisórias, como tentar algum tipo de cobertura ou, até mesmo, de irrigação por aspersão.