Os ministérios do Turismo (MTur), da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Universidade Federal Fluminense (UFF) apresentaram a lista dos oito roteiros pré-selecionados para participarem do projeto Experiências do Brasil Rural. E os dois roteiros gaúchos contemplados envolvem a Serra. Farroupilha Colonial está situado na região, e o Ferradura dos Vinhedos, de Livramento, tem várias vinícolas com sede na Serra que participam da atração na fronteira.
A iniciativa do governo federal com a universidade carioca apoia e promover o turismo em áreas rurais do país. Ao todo, participaram da primeira fase do processo seletivo 52 propostas que contemplavam as quatro cadeias produtivas priorizadas para o projeto: queijo, vinho, cerveja e frutos da Amazônia. O prazo para o envio de recursos vai até o dia 23 e a publicação do resultado final está prevista para o próximo dia 24.
Após o resultado será realizada uma sensibilização dos empreendimentos, produtores e governanças locais para o conceito do projeto, assim como a realização de diagnóstico e plano de ação para cada selecionado. O plano prevê ainda a qualificação de roteiros e empreendimentos e a realização de ações de promoção e apoio à comercialização.
A rota turística Farroupilha Colonial foi lançada em 2018, mas é um roteiro que ainda está em expansão, segundo Suzana Maggioni Bertuol, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Farroupilha (Sintrafar), uma das entidades que coordena os trabalhos junto com a prefeitura e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).
– Em função da pandemia tivemos vários cancelamentos do curso preparatório. Hoje são sete empreendimentos, mas temos mais que vão entrar na segunda turma e devemos chegar a 12 – aponta a organizadora.
Com mais estabelecimentos, a ideia é formar um grande roteiro que envolve todo o município, mas dividido por regiões. A notícia da rota ter sido pré-selecionada no programa nacional reanima o empreendimento.
– É uma oportunidade de crescimento, porque teremos uma espécie de consultoria. Como contrapartida, teremos que disponibilizar pessoal para fazer o levantamento de dados e eles vão nos ajudar com o diagnóstico. E isso também nos traz visibilidade e indica que estamos no caminho certo – aposta Suzana, também proprietária da Casa Canjerana que integra o roteiro.
Armazém em atividade, mas com cara de museu
Um dos primeiros estabelecimentos de Farroupilha a integrar a rota colonial foi o Acervo da Bea, imóvel histórico em frente à praça principal de Nova Milano, distrito que acolheu os primeiros imigrantes italianos que chegaram ao Estado. Beatriz Elvira Bergamo é, inclusive, bisneta de Stefano Crippa, uma das primeiras famílias que se estabeleceu neste berço da imigração. Há mais de uma década, ela abre a casa histórica da família, de 1884, para visitação. Mas o seu principal negócio sempre foi o comércio de bebidas e alimentos em um dos poucos armazéns antigos que mantém suas características originais na região. No final do ano passado, o local foi todo reestruturado, ganhou mais cara de museu. As prateleiras de metal com os produtos de mercado, que descaracterizavam a origem do estabelecimento de secos e molhados, foram removidas. Agora, o foco ficou nos produtos coloniais, como queijo, salame, ovos e vinhos.
O exemplo da fronteira
A outra rota gaúcha listada pelo governo federal é a Ferradura dos Vinhedos, que ganhou este nome justamente por ter o mapa de estabelecimentos participantes em forma de uma ferradura de cavalo. O roteiro foi pensado para aproveitar o potencial para viagens de compras da região da fronteira para que o turista permaneça na cidade. Pelo menos três vinícola da Serra com vinhedos em Livramento integram o roteiro: Miolo, Salton e Nova Aliança. O início da operação da rota foi em 2015, o que explica sua maior estruturação em relação a de Farroupilha. Hoje, a Ferradura dos Vinhedos já conta com estrutura de receptivo local, administrada pela agência de turismo Corticeiras.