Fúlvia Stedile Angeli Gazola, 52 anos, é diretora da DolaimesFSAG, conselheira de administração da Agrale e recentemente foi eleita a primeira vice-presidente mulher do Conselho Superior da CIC Caxias.
Na entidade, atua como voluntária desde 1995 e já esteve tanto na vice-presidência executiva como na presidência do Conselho Deliberativo. E teve participação na criação do Conselho da Mulher Empresária em 1997.
Com formação em Comunicação Social e especializações em gestão empresarial, Fúlvia também foi conselheira de outras empresas e da Fiergs. A seguir, ela conta como se preparou para atuar nestas funções.
Você é a primeira mulher vice-presidente do Conselho Superior da CIC. O que isso vai significar para a entidade?
Fui eleita no último dia 8 de abril, juntamente com o presidente David Randon, em pleito virtual. A condução será baseada no estatuto da CIC e nas funções deste conselho, órgão de consulta, que tem as atribuições de orientar as diretrizes da política empresarial da entidade e avaliar e acompanhar a atuação de seus representantes. O objetivo da existência da entidade, que é defender os interesses da classe empresarial, congregando pessoas jurídicas, sindicatos e associações, estará sempre na pauta. A colaboração com o poder público e participação em outras entidades, conselhos e associações de interesse social, educacional e comunitário, também. Participo voluntariamente da CIC desde 1995, quando iniciei na diretoria de serviços mercadológicos. Tive o privilégio de ser vice-presidente executiva durante duas gestões. E aprendi que o caminho de um voluntário em uma entidade empresarial é traçado por suas realizações. Sempre com foco na autonomia que a livre iniciativa proporciona, acredito que fui partícipe da abertura de novos espaços. Entre eles, espaço para as mulheres empresárias e executivas. O tom é este: tornar visível a participação das mulheres em todas as esferas. A CIC vem sinalizando isto ao longo dos anos e quero destacar a importância da criação do Conselho da Mulher Empresária em 1997. O objetivo, à época, era um convite para as mulheres participarem mais das atividades da entidade. Na primeira reunião-almoço, tivemos 40% de participantes do público feminino, um reflexo do que já era realidade nas empresas, mas desconhecido por muitos.
Como foi suceder tua mãe, a relações públicas Dolaimes Stedile Angeli, filha do fundador da Fras-le, Agrale e Lavrale, Francisco Stedile, na empresa de comunicação da família?
Participar de uma família empresária é um grande aprendizado. Em 1987, fui sócia-fundadora com a Dolaimes da empresa que leva seu nome. Foi um convívio profissional curto, mas de intenso aprendizado e troca de conhecimentos com ela, que era uma pessoa que ensinava e aprendia, que foi embora muito cedo, mas continua presente. Aos 26 anos, lá estava eu, com a responsabilidade de manter um padrão de serviços em comunicação. Esta jornada se iniciou com uma reunião com um cliente, na segunda-feira após o falecimento de minha mãe. O cliente me recebeu dizendo: “sabia que cumpririas o compromisso. É filha da Dolaimes!” Enfim, nesta missão de fazer comunicação social com excelência, contei com ótimos clientes, fornecedores, sócios e profissionais e creio que tenho conseguido dirigir a empresa ao longo de seus 34 anos.
Como está sendo a atuação no Conselho de Administração da Agrale?
Minha preparação iniciou como suplente-ouvinte de meu pai, José Angeli, então conselheiro titular, instituído em 2011 pelo conselho de sócios de nossas empresas. A função deste ouvinte é acompanhar a rotina dos conselheiros de administração e aprender com eles. Em maio de 2019, acontece o falecimento de meu pai e passo a ser titular do conselho, representando a holding da qual faço parte junto com meus irmãos Franca e Sandro. Perdi meu mestre, mas não os conhecimentos com ele adquiridos. Me senti preparada para enfrentar os desafios e continuar aprendendo com meus colegas de conselho e sócios Hugo Zattera, Alfredo, Carlos e Franco Stedile. A empresa é uma quase sexagenária com planos e projetos inovadores, 100% nacional. Como conselheira, prezo pelos interesses da empresa e por seus valores, me mantendo atualizada. Procuro trazer contribuições para o trabalho dos executivos e profissionais da Agrale, que têm a inovação e a busca de novos nichos de mercado sempre na agenda. Nesta busca, destaque para os produtos com combustíveis alternativos, como o ônibus a gás GNV, o Agrale Marruá 100% elétrico, o trator a biodiesel, bem como para nossos chassis para micro-ônibus fora de estrada e a linha Marruá, militar e civil. Por fim, o projeto dos caminhões elétricos FNM, desenvolvido em parceria com a Agrale. Há grande expectativa de todos os envolvidos com a chegada deste produto na rotina das cidades atendidas pela logística da Ambev e demais empresas clientes.
Teu envolvimento na comunidade também sempre chama a atenção. Com a pandemia, como ser mais propositivo, sair da crise e ainda auxiliar os outros para isso?
Viver em comunidade não tem significado sem envolvimento. O terceiro setor têm feito o importante trabalho de levar esta solidariedade aos mais vulneráveis, até que a população esteja imunizada. Aos empreendedores, urge encontrar saídas assertivas, que perpetuem seus negócios, atentando para protocolos que assegurem a vida das pessoas. Ao mesmo tempo, têm a missão de desenvolver cadeias produtivas, que gerem oportunidades de trabalho para suprir o desaparecimento de funções. Penso que as máximas empatia, respeito ao próximo e ao meio ambiente têm que estar na pauta de todos. A economia circular é uma aliada neste processo. Cada um tem que fazer o seu melhor em prol do bem comum das futuras gerações, enxergando as diferentes realidades, que são gritantes em nosso planeta, comandado por nossa espécie, que tem muito a aprender.