Elton Paulo Gialdi, proprietário da Mérica Transportes e Logística, sediada em Bento Gonçalves com unidades também no Rio de Janeiro, foi eleito presidente da CICS Serra (Associação das Entidades Representativas de Classe Empresarial da Serra Gaúcha). Ele vai comandar a entidade na gestão de 2021 e 2022, depois de exercer o cargo de vice-presidente.
Além da CICS, Gialdi é vice-presidente da Regional Serra da Federasul e presidente do Conselho Superior do Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG), entidade que presidiu nos anos de 2018 e 2019. A atuação como presidente da Fundação Consepro de Bento Gonçalves, em 2017, também o tornou conhecido. A seguir, confira quais são os próximos passos deste empresário mobilizador.
Como é assumir uma entidade tão representativa para as câmaras empresariais da região?
É desafiador. Tínhamos um presidente (Edson Morello) que ficou à frente da entidade por nove anos e sempre nos representou muito bem. Foi um grande líder, defendeu nossas bandeiras. E, quando você assume a posição de um grande líder, é desafiador. Por outro lado, eu gosto de desafios, de me confrontar comigo mesmo a ponto de me tirar da normalidade e do trivial. Acho que vai ser uma grande experiência, de muita dedicação, muito trabalho para bem representar todas as entidades, as CICs da Serra, os anseios de cada entidade. E não são poucos os desafios. Realmente, precisamos mobilizar muito a sociedade, a classe política, e empreender, para batermos nas portas certas e conseguirmos resultados melhores principalmente em infraestrutura.
Mesmo com a pandemia, a entidade vai manter como bandeira principal a infraestrutura?
A pandemia nos afeta e nos preocupa muito, porém nós entendemos que a vacinação nos tranquiliza um pouco. Temos um know-how muito bom de vacinação de muitos anos. Estamos com um calendário bem interessante. Eu acredito que nos próximos meses devemos ter uma diminuição significativa nos problemas de internação, apesar de que não posso deixar de constatar que, com toda verba que veio do governo federal, o Brasil está perdendo uma grande oportunidade de finalmente ter a saúde nos moldes que sempre precisou. Todos os anos temos hospitais superlotados, deficientes de pessoal, filas... Eu acho que o dinheiro não foi todo empregado na saúde, talvez esteja até no caixa de Estados e municípios. Acho que a gente devia ter utilizado todos os recursos para a saúde e estaríamos em outro patamar. Mas, com certeza, nosso pleito mais importante é a infraestrutura. Temos um povo trabalhador, empreendedor, que produz, se desenvolve. O que precisa para ter melhores condições? Evidente que precisamos rodovias; o porto do Litoral Norte é importantíssimo para nos dar competitividade. Aeroporto da Serra, até para terminar essa história de vai ter ou não ter, temos que transformar em uma realidade. Porém, para termos o aeroporto, temos que ter rodovias que nos levem até ele. A RSC-453 e a rodovia que liga até as Hortênsias precisa ser desenvolvida. Também teremos a bandeira do saneamento básico. Impressiona como ainda temos que cobrar isso dos governantes e que os índices na Serra sigam ainda baixos. Internet boa e para todos, tanto nas grandes cidades como interiores, é outra demanda. Quando você vai de Bento Gonçalves a Farroupilha, tem locais que não têm nem sinal de telefonia. É algo que nossos líderes precisam comprar, essa batalha para toda nossa sociedade.
O senhor menciona que é preciso aproveitar oportunidades para galgar outros patamares e o senhor é do setor logístico que, na pandemia, segue movimentado porque tem ramos de atividades que estão muito bem. Como está o seu mercado?
O setor logístico é um reflexo do que ocorre em outros setores, de comércio e indústria por exemplo. Somos um elo dessas cadeias. É um setor que varia muito de acordo como está a economia. Eu falo com certa tranquilidade que nosso setor, apesar de ter sofrido no primeiro semestre, foi muito bem no segundo semestre a ponto de mantermos nossa competitividade e faturamento anual. O meu faturamento do ano passado se igualou a 2019, apesar de uma grave crise sanitária, o que no meu entender é uma vitória. Neste ano, começamos bem e acredito que consigamos também. O grande desafio é o comércio se manter pujante, aberto, podendo comercializar seus produtos, dentro dos cuidados, distanciamento, máscaras e com álcool gel. É de extrema importância manter os negócios em atividade, porque eu tenho uma preocupação social. Já estou vendo pessoas desempregadas. Isso me preocupa. Quando um pai de família tem que alimentar o filho e não tem a quem recorrer, ele vai fazer qualquer coisa para alimentar, e isso agrava muito a questão social, até mesmo a criminalidade.
O que fazer para evitar o abre e fecha e mais desemprego?
A gente precisa trabalhar no dia a dia, manter nossos trabalhos, comércios e negócios. Mas eu vejo que, neste momento, as pessoas precisam ter mais consciência de não promover aglomerações desnecessárias. Festas com 10, 20, 30 pessoas em um ambiente único, baladas, esses tipos de encontros. Tenho filhos jovens e sei o quanto necessitam, e é importante se reunir, socializar, mas, infelizmente, neste período temos que ser coerentes e evitar esses tipos de encontros. Por exemplo, o que mais provocou os casos críticos que enfrentamos agora, além da nova cepa mais contagiosa e resistente, foi o relaxamento por parte da sociedade, principalmente no Carnaval, onde as pessoas conviveram. A euforia deixa o indivíduo fora do estado de atenção e acaba o colocando em risco. E tenho que entrar em um caso muito polêmico. O tratamento imediato, que muitos bons médicos não recomendam e devem ser respeitados, também têm muitos bons médicos que estão recomendando. Os que recomendam não devem ser marginalizados, porque também estão tentando salvar vidas de alguma maneira.
Quais serão as próximas ações da entidade que representa?
Nós estamos deixando passar esse período crítico de covid, mas já começamos a traçar uma maneira de fortalecermos nossa entidade, seja de forma financeira e econômica, seja em termos de representatividade. Vamos traçar as linhas de trabalho e posteriormente vamos fazer, inclusive, reuniões com a Amesne (a Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste) e prefeitos. Pretendo ir a Brasília e Porto Alegre tratar de questões de infraestrutura, seja estadual, da RSC-453, 122, 446, seja em nível federal, sobre a BR-470. A 470 corta a cidade de Bento Gonçalves e precisamos de uma visão diferente por parte do governo no sentido de propor mais segurança. Uso ela quatro vezes por dia e percebo, realmente, como é perigosa. Não tem túnel, viaduto, e a gente precisa correr o risco de atravessar uma rodovia extremamente movimentada.