Talvez quando iniciou, aos 14 anos, como empacotador da Companhia Dosul de Abastecimento, Tiago Luiz Schmidt não imaginaria chegar tão longe. O espírito empreendedor permaneceu, independente das atividades desempenhadas, fazendo-o acreditar que "na vida e no trabalho podemos ter atitudes que contribuam para melhorar a realidade de vida das pessoas". Empossado como presidente do Conselho de Administração da Sicredi Pioneira RS, a primeira cooperativa de crédito da América Latina, Tiago espera contribuir para seu crescimento, que já conta com 40 agências distribuídas em 21 municípios e 140 mil associados.
Nome: Tiago Luiz Schmidt
Idade: 39 anos
Nascido em: Estância Velha (RS)
Cargo: presidente do Conselho de Administração da Sicredi Pioneira RS
Formação: graduado em Administração de Empresas pela Feevale, com pós-graduação em Gestão de Cooperativas (Unisinos) e especialização em Governança (IBGC - Instituto Brasileiro de Governança Corporativa).
Onde já trabalhou: Companhia Dosul de Abastecimento; Polyshoes; Free Land; Indústria Gráfica de Embalagens; Livraria Sulina; Banco Santander; Indústria e Distribuidora de Alimentos Fröhlich; Replast Artefatos Plásticos e, nos últimos 14 anos, com empresa da família (Trevo Estruturas).
Qualidade: acredito que sempre é possível colocar qualquer projeto de pé. Na vida e no trabalho podemos ter atitudes que contribuam para melhorar a realidade de vida das pessoas.
Defeito: demasiadamente exigente com as entregas.
Uma causa: contribuir para as pessoas acreditarem que é possível partir desse mundo, deixando-o melhor do que era, quando aqui chegamos.
Um temor: intolerância nas relações humanas.
Um sonho: viver num mundo onde o senso coletivo prevaleça sobre o individualismo, que cada pessoa seja respeitada e amada.
Uma frustração: falta de rumo do nosso país, com segmentos que dependem uns dos outros, mas tomaram posicionamentos antagônicos, buscando apenas direitos e esquecendo que todos também têm deveres. Estamos perdendo tempo de viver num Brasil potencialmente melhor se todos focassem em causa coletiva, baseada nos valores do trabalho e da educação.
Um conselho: replicando as palavras do padre Theodor Amstad, precursor do cooperativismo no sul do Brasil, no ano de 1900: "Pois se uma grande pedra se atravessa no caminho e 20 pessoas querem passar, não o conseguirão se um por um a procuram remover individualmente. Mas se as 20 pessoas se unem e fazem força ao mesmo tempo, sob a orientação de um deles, conseguirão solidariamente afastar a pedra e abrir o caminho para todos."
Um hobby: pedalar e fazer trilhas de jeep
Um prato: adoro churrasco, ainda mais reunindo os amigos.
Um lugar: minha casa.
Um time: Internacional, do eterno Fernandão.
Um livro: São muitos que admiro, mas vou valorizar alguém da nossa região: "O Poder do Encantamento", de José Galló.
Um filme: "Como Treinar Seu Dragão".
Uma personalidade: Lindolfo Hélio Schmidt, meu avô.
O governo: Precisa entender que ele existe para servir à sociedade e não servir-se dela. Falta austeridade, gestão e foco. Sobram ideologias.
Para ser um bom empresário é preciso: antes de tudo, gostar de pessoas e ter orgulho do que faz. As demais questões são meramente operacionais e plenamente possíveis, se atendermos os dois requisitos iniciais.
Se não fosse empresário seria: professor (e ainda serei!)
Principal projeto na Sicredi Pioneira RS: Nos últimos anos, foram implementados projetos relevantes, porém, o mais emblemático e que conseguiu tangibilizar vários princípios do cooperativismo, foi o Fundo Social. Ele já impactou mais de 305 mil pessoas nas áreas de educação e cultura da região.
Conquistas do setor: A livre admissão de associados. Qualquer pessoa ou empresa pode se associar e ter acesso aos produtos, serviços, ganhos individuais e coletivos disponibilizados pelo Sicredi. E ainda: recentemente a Agenda BC#, lançada pelo Banco Central para promover expansão do segmento frente a um sistema financeiro altamente concentrado.
Desafios do setor: combater nosso maior concorrente, o "desconhecimento". As pessoas precisam conhecer cada vez mais os benefícios econômicos e sociais promovidos pelo cooperativismo, para, quem sabe um dia, possamos chegar aos padrões europeus e americanos de participação no mercado.
Maior investimento que já fez: estudar, casar e ter meus dois filhos. Nada pode ser maior e mais importante na minha vida.
Investimento que gostaria de fazer: criação de uma Universidade do Cooperativismo, fazendo com que Nova Petrópolis, além de Capital Nacional do Cooperativismo, sede da primeira cooperativa de crédito da América Latina e instituição financeira privada, e em atividade no Brasil, seja também referência mundial em gestão, governança e disseminação do cooperativismo, seus princípios e valores.
Um país, e por quê: Brasil, porque já está tudo pronto para se tornar um exemplo ao planeta. Falta apenas que cada comunidade, em cada canto desse país, faça a sua parte.
Uma boa lei: a Constituição de 1988.
Uma lei que gostaria de ver surgir: ver a disciplina de cooperativismo nas escolas e universidades. Hoje, 50% do PIB agro do país passa por uma cooperativa; 20% do sistema financeiro do RS são cooperativas. Uma grande alternativa para solucionar o déficit habitacional e infraestruturas básicas poderia ser por meio de cooperativas. Mas aí voltamos ao nosso maior desafio: combater o desconhecimento. E isso é feito com educação.