Caxias do Sul tem identidade cultural, tem atrativos, tem riqueza econômica, tem belezas naturais, mas não consegue alavancar seu potencial turístico. Por quê? Faltam integração entre setor público e privado, trabalho em conjunto para vender o conceito de “região” e forte planejamento, por meio de um plano municipal de turismo.
É o que se depreendeu da palestra de Ivane Fávero, secretária de Turismo de Garibaldi, nesta segunda-feira, durante reunião-almoço na CIC de Caxias, inserida na programação do 1º Seminário de Turismo e Enogastronomia.
– O turista quer experiências significativas na viagem, que despertem sentimentos. Ele vem para a Serra comer uma boa massa, um radicci com bacon e beber um vinho, mas não só isso: ele quer usufruir do território, de sua paisagem e cultura. Temos de preparar essas experiências, e que elas sejam marcantes. O turismo não pode se dar de forma espontânea, isolada ou empírica – declarou.
Caxias e região têm um potencial gigantesco a ser explorado: em 2015, houve crescimento de 19% no ingresso de turistas ao Rio Grande do Sul, provenientes principalmente de países vizinhos que têm como destino o litoral. São esses visitantes que a cadeia precisa capturar para a Serra, por meio de iniciativas criativas, inovação e ferramentas de divulgação.
Como aumentar a competitividade? Ivane, bacharel e mestre em Turismo e vice-presidente para a América Latina da Associação Internacional de Enoturismo, entende que o destino precisa olhar para suas forças e fraquezas, buscando a competitividade, que é diferente de competição, quando se foca em superar o concorrente. A secretária finalizou a explanação desafiando os participantes a quebrarem paradigmas e pensarem o turismo de forma coesa, planejada e sustentável, capaz de tornar a região um destino turístico organizado e competitivo.
– Turismo é desenvolvimento. É a exportação invisível. A imagem positiva que o turismo traz agrega valor a qualquer produto. Quando não somos vendidos como destino turístico, perdem todos os setores – salientou Ivane, usando como exemplo o chocolate produzido em Gramado.
Um dos pontos levantados durante a reunião-almoço foi o abandono do Itaimbezinho, cânion de Cambará do Sul, com estradas precárias, dificuldades de acesso e falta de infraestrutura aos turistas.
Para Ivane, que também foi secretária de turismo em Bento, a região precisa se unir, auxiliando municípios com menos força política e econômica, para buscar apoio do governo federal e do Ibama e, assim, não desperdiçar “o que a natureza nos oferta” e poderia ser chamariz para potencializar o turismo da Serra e do sul do país.
O presidente da CIC de Caxias, Nelson Sbabo, ressaltou ainda que a falta de sinalização por estradas da Serra, “sem uma plaquinha”, afasta os visitantes.