Buscar uma vida mais tranquila, não tão atropelada pelos compromissos diários, é o desejo de muitos nesse mundo de redes sociais e virtuais. Mas o querer, nesse caso, só deixa de ser teoria se cada um parar, olhar para si, refletir e reorganizar a vida. É essa ideia que vai guiar o bate-papo da edição de junho do Ciranda do Pensamento, que tem como painelistas a jornalista e doutora em Letras, Adriana Antunes, e a escritora Ana Júlia Poletto. O encontro, com o tema Por um mundo mais verdilento: Manoel de Barros e a importância das desutilidades, ocorre nesta terça, às 19h, no Centro de Cultura Ordovás, em Caxias. A entrada é franca.
— A expressão verdilento é um neologismo que une a ideia da consciência mais próxima da natureza com a necessidade de sermos mais lentos. É isso que buscamos! Para isso acontecer é preciso encontrar espaço, tempo — resume Ana Júlia.
Para falar sobre a necessidadade da desaceleração, a dupla também buscará referências na arte e principalmente na poesia de Manoel de Barros, famoso por escrever com base nas desutilidades do cotidiano.
— Nos cobramos muito por perder tempo com o que não é importante. Mas o que é importante mesmo? Precisamos parar, refletir sobre como levamos a vida. Manoel de Barros trata muito disso quando escreve sobre a arte de observar caramujos, por exemplo — completa a escritora.
No encontro de hoje, Adriana e Ana Júlia adiantam que vão propor um comprometimento com os presentes. Mas nada que será resolvido em uma noite, nem mesmo em um dia ou uma semana: o compromisso deverá se estender por toda a vida. A respiração, por incrível que pareça, é um ponto crucial neste processo.
— Vamos falar sobre como desacelerar, mas isso se faz com exercício constante, dia após dia. Não existe fórmula mágica. O primeiro passo é olhar para si e ver se o interno está feliz com a forma com que a vida está sendo levada. Se não está, é hora de parar e reajustar. Sempre deve existir tempo para isso — acredita Adriana.
Desacelerar, no entanto, não precisa e não deve ser a escolha de todos. Por mais que a cultura do movimento slow esteja cada vez mais em alta, "sempre vão existir os acelerados", segundo Ana Júlia:
— Não é errado querer ser acelerado, cada um precisa achar um jeito bom de viver. O essencial é perceber as coisas, saber o nosso ritmo. É sempre bom perguntar "o que busco para minha vida?" e tentar buscar respostas para isso.
A escritora ainda explica que é preciso ressignificar a palavra lento, que por vezes leva um sentido pejorativo.
— Levar a vida de forma mais lenta não quer dizer que devemos ir para trás. Quer dizer que temos que fazer uma coisa de cada, ter tempo para ver coisas que antes, com a correria, não víamos _ acrescenta.
AGENDE-SE
O quê: Ciranda do Pensamento com as painelistas Adriana Antunes e Ana Júlia Poletto.
Onde: na Sala de Cinema Ulysses Geremia (Rua Luiz Antunes, 312 - Centro de Cultura Ordovás), em Caxias.
Quando: nesta terça-, às 19h.
Quanto: entrada gratuita.
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