Uma oportunidade de escutar para quem nasceu sem a audição ou para aqueles que já não conseguem resultados com aparelhos auditivos. A cirurgia para colocação do implante coclear, popularmente conhecido como "ouvido biônico", é realizada rotineiramente em grandes centros, mas não é tão comum no Interior, fazendo de Passo Fundo uma alternativa para quem é da região norte do Estado.
— Regionalmente, existe uma demanda de pessoas que estão viajando longos quilômetros para fazer na Capital, e a tendência é que comecemos a ter mais casos. Queremos que as pessoas entendam que devem, sim, realizar a cirurgia, pois como é algo que não dói e nem mata, as pessoas vão deixando, mas é uma vida social, acadêmica e profissional que se perde — afirma o médico otorrinolaringologista Fábio Pires.
O procedimento cirúrgico é recomendado para aqueles que nasceram sem escutar ou que tiveram perda de audição bilateral severa ou profunda e não apresentam resultado com uso de aparelho. No caso do Gabriel Schnornberger, de 32 anos, a dificuldade estava no ouvido direito. Após seis meses da cirurgia realizada no Hospital de Clínicas de Passo Fundo, ele comemora a melhora em atos considerados simples da rotina de quem não tem a deficiência:
— Voltei a escutar música e a assistir televisão. Já consigo escutar sem precisar fazer leitura labial. No trabalho, por exemplo, eu tinha muita dificuldade, e agora todos notaram bastante diferença, está tudo mais fácil, consigo interagir com os colegas.
A mãe de Gabriel, Anelise Suss Goergen, conta que percebeu a dificuldade do filho ao ver que ele não respondia aos seus chamados, sendo necessário encostar nele para que a olhasse e fizesse leitura labial. Para ela, a maior dificuldade era de interagir com as pessoas:
— Ele tinha muita dificuldade de sair, pois não conseguia interagir. Agora ficou muito melhor, parece que eu ganhei um prêmio. Ele não tinha mais qualidade de vida, ainda não está 100%, mas está bem melhor, fico muito feliz com a evolução dele.
Até o final do tratamento de um ano, Gabriel planeja retomar os estudos, em que cursava engenharia mecânica.
O procedimento
De acordo com o otorrinolaringologista, a cirurgia dura entre 2h30min a 3h. O aparelho só é ativado 30 dias depois, tempo necessário para cicatrização e estabilização do implante. Na prática, o aparelho estimula o nervo auditivo através de pequenos eletrodos, que levam estes sinais para o cérebro.
Após a primeira ativação, o cérebro começa a entender o que são os estímulos, e é necessária uma sequência de terapia com fonoaudiólogos para que adquira as habilidades de audição.
Os resultados, segundo Pires, variam de acordo com a causa da perda e do tempo em que a pessoa ficou sem escutar. No caso de quem nasceu sem a audição, é possível desenvolver uma maior independência se implantado o quanto antes:
— Podemos trabalhar a fala e dar mais independência a esta pessoa. O quanto antes, permitirá a pessoa se comunicar e estudar, possibilitando que chegue aos seus objetivos. A audição é um sentido, não como uma perda e um abraço, mas isso “amputa” e limita as possibilidades deles. Sabemos o quanto a perda prejudica e impacta, muitos perdem a interação com as pessoas, e acabam se afastando do trabalho e do sonho de ter uma profissão.
Para realizar
Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) realiza cirurgias para colocação do implante coclear e do aparelho de ancoragem no osso em locais que se enquadrem em critérios estipulados no regramento de Atenção Especializada as Pessoas com Deficiência Auditiva.
No Rio Grande do Sul, apenas o Hospital de Clínicas de Porto Alegre possui esta habilitação. GZH Passo Fundo entrou em contato com os hospitais de Clínicas de Passo Fundo e São Vicente de Paulo, e ambos dizem estudar a possibilidade de readequação das estruturas para realização do procedimento via SUS. Por enquanto, a cirurgia é realizada apenas via convênio ou de forma particular.
GZH Passo Fundo
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