Por Julcemar Zilli, economista
Nos últimos meses, o mercado suinícola no Rio Grande do Sul tem enfrentado mudanças significativas, com particular destaque para a queda nos preços do suíno vivo e uma redução ainda mais expressiva nos custos de produção. Essa dinâmica tem provocado reflexões importantes sobre o estado atual da indústria e suas implicações para os produtores.
Dados recentes revelam que o indicador do preço do suíno vivo no Rio Grande do Sul apresentou uma queda substancial de 13,49% entre fevereiro de 2023 e janeiro de 2024, passando de R$ 6,90/kg para R$ 6,08/kg, de acordo com o Centro de de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP).
Essa redução, embora possa levantar preocupações à primeira vista, deve ser contextualizada em relação à queda ainda mais acentuada no índice de custo de produção do suíno no estado, que registrou uma diminuição de 20,70% no mesmo período, conforme dados da Embrapa.
Relação favorável
Uma análise mais aprofundada revela que a relação de troca entre custo e preços tem sido favorável aos produtores. No início de 2023, o produtor necessitava de 59,12kg de suíno para cobrir os custos de produção, enquanto em janeiro de 2024 essa relação caiu para 55,59kg de suíno para cobrir os mesmos custos. Isso indica uma melhoria na eficiência e rentabilidade da produção suinícola, apesar da queda nos preços do produto final.
Além disso, ao analisar a relação de troca entre milho e suínos, observamos uma tendência semelhante. No início de 2023, o produtor conseguia comprar 5kg de milho com um quilo de suíno. No entanto, em 2024, essa relação aumentou para 7,3kg de milho com um quilo de suíno. Essa mudança demonstra uma valorização relativa do suíno em relação ao milho, o que pode ser interpretado como um sinal positivo para os produtores, já que os custos de alimentação representam uma parte significativa dos custos de produção.
Em resumo, embora a queda nos preços do suíno vivo possa inicialmente parecer preocupante, uma análise mais detalhada revela um cenário um pouco menos preocupante para os produtores no Rio Grande do Sul.
A redução mais acentuada nos custos de produção e a melhoria na relação de troca entre custo e preços, bem como entre milho e suínos, indicam uma maior eficiência e rentabilidade no setor. Portanto, apesar dos desafios enfrentados, há motivos para otimismo e confiança no futuro da indústria suinícola no estado.
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