Por Julcemar Bruno Zilli, economista
Desde o início do mês de junho, observamos uma queda significativa no indicador do preço do milho na bolsa B3, registrando uma diminuição de 5,88% nos últimos 15 dias. O valor do cereal passou de R$ 57,67 para R$ 54,28, refletindo o movimento de desvalorização que ocorreu no encerramento de junho.
Esse declínio pode ser atribuído principalmente ao avanço da colheita da segunda safra, que, embora esteja atrasada em comparação com a temporada anterior, começou a ganhar ritmo e deve se intensificar na segunda quinzena de julho.
A região de Passo Fundo, reconhecida por sua importância agrícola, também sentiu os impactos dessa queda no preço do milho. Afinal, a cidade e seus arredores são conhecidos por serem produtores e exportadores desse grão fundamental para a economia do país.
Segunda safra
Com a aceleração da colheita da segunda safra, principalmente no Centro-Oeste, a demanda pelo milho enfraqueceu consideravelmente na região. Os compradores estão negociando apenas de forma pontual, adquirindo o produto somente quando há necessidade imediata.
Essa mudança de comportamento é compreensível, uma vez que a expectativa de maior oferta nos próximos dias tende a pressionar ainda mais os preços para baixo.
E os produtores?
Os impactos diretos dessa desvalorização do milho na região de Passo Fundo são múltiplos. Primeiramente, os produtores locais podem enfrentar a realidade de preços mais baixos por sua safra, o que pode afetar suas margens de lucro e planejamento financeiro.
Além disso, a menor demanda pelo cereal pode prejudicar as atividades das empresas que dependem do setor, como as agroindústrias e as cooperativas.
Outro ponto a ser considerado é a possibilidade de uma diminuição no investimento e na expansão das propriedades rurais. Com a perspectiva de menor rentabilidade, os agricultores podem adiar projetos de modernização, aquisição de maquinário e aumento de áreas de cultivo, o que impactaria não apenas o setor agrícola, mas também a economia local.
As indústrias se beneficiam
Porém, nem tudo são más notícias. O cenário de maior oferta de milho também pode beneficiar alguns segmentos da economia da região de Passo Fundo. Empresas que utilizam o grão como insumo em sua produção, como fabricantes de ração animal, podem se beneficiar da queda nos preços, reduzindo seus custos de produção e, potencialmente, repassando esses benefícios aos consumidores.
Além disso, o setor de avicultura e suinocultura, que depende significativamente do milho como alimento para os animais, pode encontrar alívio nos custos de produção, o que poderia resultar em preços mais competitivos no mercado e, consequentemente, estimular o consumo desses produtos.
Portanto, a queda no preço do milho, impulsionada pelo avanço da colheita da segunda safra, traz desafios e oportunidades para diversos setores da economia local. Enquanto os produtores enfrentam margens de lucro mais apertadas e a necessidade de ajustar seus planos de investimento, outros segmentos, como a indústria de ração e a avicultura, podem se beneficiar de custos mais baixos de produção.
Acompanhar de perto essas mudanças e buscar alternativas se torna essencial para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades decorrentes desse novo cenário no mercado do milho em Passo Fundo.